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José Francisco Santos, da CMAA, faz projeções e defende taxação sobre o etanol importado

José Francisco Santos, da CMAA, faz projeções e defende taxação sobre o etanol importado

A unidade produtora Vale do Pontal, localizada no município de Limeira do Oeste (MG), faz sua estréia na produção de açúcar no próximo dia 16 deste mês de maio, quando começa a moagem da safra 2017/18.

A Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA) controla a Vale do Pontal e a unidade Vale do Tijuco, situada no município de Uberaba (MG).

José Francisco de Fátima Santos, presidente do Conselho de Administração da CMAA, comenta, a seguir, sobre as previsões da safra em andamento, sobre o mercado de etanol e açúcar neste e nos próximos anos.

Também revela na entrevista se a empresa pretende adquirir novas unidades sucroenergéticas.

JornalCana – Como está projetada a safra 17/18 da Vale do Pontal?

José Francisco Santos – A unidade deverá moer 2,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Desse montante, 1,5 milhão irá para fazer açúcar e 1 milhão irá para produzir etanol.

Quanto foi investido para implantar a fábrica de açúcar?

José Francisco Santos – R$ 80 milhões. O investimento total, o que inclui a aquisição da unidade [em 2016], fica entre R$ 450 milhões e R$ 500 milhões. Há aporte do BNDES, mas a fábrica de açúcar foi comprada à vista.

O controle acionário da CMMA é 50% da JF Citrus e 50% da companhia Indofoods, da Indonésia?

José Francisco Santos – Exatamente.

Como é estimada a safra da Usina Vale do Tijuco, também controlada pela CMAA?

José Francisco Santos – 4,5 milhões de toneladas de cana. É mais do que foi processado na safra anterior. O mix da unidade deve ficar em 60% para açúcar e 40% para etanol.

Na temporada 16/17, a CMAA ficou em terceiro lugar entre as maiores companhias produtoras sucroenergéticas do estado de Minas Gerais. O sr. pretende subir de colocação na 17/18?

José Francisco Santos – Eu prefiro estar entre os melhores do que estar entre os maiores. Prefiro ir com os pés no chão. Tem um ditado que fala assim: “vão devagar que estou com pressa.” Não dá para atropelar.

                                                   “Eu prefiro estar entre

                                                     os melhores do que estar

                                                    entre os maiores.

                                                   Prefiro ir com os pés no chão”

A importação de etanol cresceu em 2016. Qual sua opinião sobre isso: é preciso conter essas compras? De que forma?

José Francisco Santos – Temos que conter com impostos. Eu exporto suco de laranja para os Estados Unidos [por meio da empresa JF Citrus] e pago US$ 400 por tonelada que entra no país. Agora se importamos etanol de milho sem cobrar imposto, o Brasil fica sem competitividade.

Tem-se defendido uma taxação de 20% sobre a importação de etanol. O sr. concorda?

José Francisco Santos – Tem que ser, senão entram com etanol importado sem pagar nada de imposto, enquanto eu, para colocar laranja nos EUA, pago US$ 400 por tonelada. Temos que colocar barreira. Por que o Brasil tem barreira lá e eles não podem ter aqui?

Açúcar: o preço da tonelada tem caído nos primeiros meses de 2017, ao mesmo tempo em que unidade da CMAA estréia na produção do adoçante. Qual sua avaliação?

José Francisco Santos – A safra está no início. O açúcar está com bom preço [entre R$ 1,2 mil e R$ 1,3 mil a tonelada]. Remunera pouco, mas remunera.

Depois da compra da Vale do Tijuco, que pertenceu à americana Archer Daniels Midland (ADM), a sua empresa tem alguma outra unidade no radar? Há unidades com preço baixo. 

José Francisco Santos – [Sorri] Pode haver [usina com preço baixo à venda] mas o mercado deu uma melhorada. E outra coisa: usina boa, com boas terras e cana boa, não passa dificuldades. No caso da CMAA, queremos um cluster juntos. A administração das duas unidades, por exemplo, fica na Vale do Tijuco. Se a gente comprar mais alguma, será por aqui.