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Japão quer investir mais no Brasil

País disputa com Brics quem será a segunda opção dos japoneses depois da China. O interesse japonês em investir no Brasil foi renovado em razão do bom desempenho macroeconômico observado nos últimos dois anos, de acordo com Hiroshi Tsukamoto, presidente da Jetro (Japan External Trade Organization) e chefe da missão empresarial de investimentos e negócios no Brasil. Uma missão de 42 empresários chefiada por ele visita o País nesta semana.

“Podemos dizer que nas duas últimas décadas as relações econômicas entre Japão e Brasil ficaram relativamente estagnadas, porém, tem havido gradativa reaproximação desde o segundo semestre de 2004,” disse Tsukamoto. “Hoje o Brasil desperta significativo interesse do Japão”.

O principal foco da missão é o segmento de alta tecnologia, como construção de aeronaves, perfuração de petróleo e produção de etanol. “É importante tirar a imagem de país do futebol que o Brasil tem e mostrá-lo aos empresários japoneses como um país de alta tecnologia.”

Segundo ele, há no País 350 empresas japonesas instaladas, a maior parte de grande porte. Já a China, possui 18 mil empresas japonesas, grande parte de pequeno e médio porte que fornecem para as grandes. A missão que visita o Brasil tem também o objetivo de facilitar a instalação de pequenas e medias empresas japonesas no país, que tem como dificultador maior a distância.

Em 2004 o Japão investiu US$ 35 bilhões em todo o mundo. De janeiro a setembro de 2005 esse montante já atingiu US$ 31 bilhões, dos quais 2,5% foram direcionados para o Brasil. O Japão apresenta uma estratégia de investimentos denominada “China mais um” e o Brasil disputa como os demais integrantes do Bric a posição de pais que será a opção do Japão para desconcentrar seus investimentos da China.

Atualmente a China é o país em desenvolvimento que recebe a maior parte dos investimentos japoneses, enquanto Brasil, Rússia e Índia apresentam parcelas bem parecidas (ver quadro).

A estratégia “China mais um” trata-se da recomendação do governo do Japão a empresários locais, com investimentos na China, para que diversifiquem os negócios em outros países.

Apesar da distância prejudicar o Brasil em relação a seus concorrentes, a localização o torna estratégico como plataforma comercial para os Estados Unidos.

Segundo o analista político-econômico da Jetro São Paulo, Alexandre Ratsuo Uehara, o momento de estabilidade econômica e favorável para a reversão do quadro de paralisia dos investimentos japoneses no Brasil. De janeiro a setembro os investimentos japoneses no País totalizaram US$ 778 milhões segundo a metodologia da Jetro, ou 2,5% dos investimentos totais do Japão no mundo. Ou US$ 719 milhões de janeiro a outubro deste ano, o equivalente a 4,6% do total de investimento estrangeiro direto captado pelo Brasil, de acordo com o Banco Central.

Apesar da trajetória de queda, Tsukamoto destaca investimentos recentemente anunciados por empresas japonesas no País. Entre eles US$ 110 milhões da Ajinomoto, em julho de 2004, US$ 160 milhões da fabricante de pneus Bridgestone, em dezembro de 2004, além dos US$ 100 milhões da Honda Motor e da Matsushita Electric Industries, conhecida pela marca Panasonic, de olho na expansão do mercado brasileiro de celulares.

Além da estabilidade macroeconômica e do efeito Bric, a troca de visitas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o premier japonês Junichiro Koizumi também foi apontada pelo chefe da missão como fator de aproximação entre os dois países. A missão que ficará no País até sexta-feira irá a São Paulo, Manaus e Rio Grande do Sul. Dos 42 integrantes da missão, 14 vieram pela primeira vez ao Brasil, 15 (44%) são de pequeno e médio porte e 21 (62%) pertencem ao setor de autopeças.

Ampliar o comércio

Ontem foi assinado um memorando de entendimento entre a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Jetro, órgão com o qual a Apex tem contato desde a criação da agência brasileira em 2003. O presidente da Apex, Juan Quirós, comemorou a iniciativa entre as duas entidades visando ampliar o comércio bilateral e os investimentos, mas lamentou o fato de o Brasil participar com apenas 0,61% do total das importações japonesas, da ordem de US$ 450 bilhões. “Há espaço para crescer o relacionamento entre os dois países”, disse Quirós. O memorando de entendimento – que tem objetivo de promover a troca de informações e a cooperação para ampliação do comércio bilateral – é fruto de uma acordo entre Lula e Koizumi fechado em maio durante visita do presidente brasileiro ao Japão.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que participou ontem do seminário “Atração de Investimentos Japoneses ao Brasil”, promovido pela Jetro em São Paulo, destacou a coincidência – ou não –, do aumento de 16% observado nas relações comerciais entre Brasil e Japão após a visita de Koizumi ao País em setembro de 2004.

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