A Organização Internacional do Açúcar (ISO) revisou a sua estimativa para a safra de cana-de-açúcar 2020/21 mundial e prevê um déficit de 4,782 milhões de toneladas, ante 3,504 milhões de toneladas e 0,724 milhões de toneladas estimados pela entidade, respectivamente, em novembro e agosto de 2020.
“Nossa visão fundamental da situação global de oferta/demanda mudou, tanto em termos de produção quanto de consumo. A atualização projeta um cenário mais neutro para a balança comercial, que anteriormente apresentava importações superiores às exportações”, explica a ISO.
Assim a previsão revisada coloca a produção mundial em 2020/21 em 169,040 milhões de toneladas, queda de 2,093 milhões de toneladas desde novembro passado, principalmente devido à perda na produção de açúcar de beterraba na Europa, que terá baixa de 1,286 milhão de toneladas e estimativas mais baixas para Irã, Paquistão e Tailândia.
Já o consumo mundial em 2020/21 foi revisado em relação à pandemia de COVID-19 em andamento e foi estimado em 173,822 milhões de toneladas em 2020/21, queda de 0,815 milhões de toneladas em relação a novembro/20 e 3,548 milhões de toneladas acima do total de 2019/20.
O ajuste atual é baseado na proibição de viagens em curso, quanto em antecipação às oportunidades de férias perdidas durante os próximos meses. Neste sentido, principais destinos como Tailândia e México terão um impacto no consumo de açúcar devido à falta de visitantes. Outras mudanças incluem maior consumo da Europa Ocidental, devido ao Brexit, e consumo reduzido na China.
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A ISO afirma que a balança comercial global está neutra após a revisão para cima nas exportações, impulsionada pela maior produção do Brasil em outubro e grandes estoques de transporte. Enquanto isso, a estimativa de exportação indiana foi revisada para cima, em 1,753 milhão de toneladas, com o apoio do governo aos exportadores.
O déficit global em 2020/21 reduzirá a relação estoque/consumo final para 53,33%, de 57,32% no final de 2019/20. Esta é uma baixa de três anos, mas dentro da faixa observada nos últimos 8 anos, durante os quais os preços estiveram entre US $ 10 e US $ 22 c / lb.
Os preços do mercado futuro aumentaram 12% desde o último relatório, em parte devido ao dólar mais fraco e à força das commodities. Nossa perspectiva fundamental (nos níveis atuais) é neutra, dado o comércio equilibrado e os estoques confortáveis.
A produção mundial de etanol em 2020 também foi revisada para 100,7 bilhões de litros, queda de 12,5 bilhões de litros em relação a 2019 e o menor nível desde 2016. Isso devido aos maiores produtores do biocombustível, EUA e Brasil, terem reduzido sua produção, com uma perda combinada de 9,7 bilhões de litros.
A ISO acredita que será difícil ver a oferta e a demanda globais voltando aos níveis anteriores à pandemia, este ano. “Nossas projeções revisadas para 2021 apontam para 106,0 bilhões de litros, uma recuperação de 5,3 bilhões de litros em relação ao nível de 2020, mas bem abaixo dos 113,2 bilhões de litros produzidos em 2019”, afirmou.
A organização estima que a balança do etanol se mostrará muito apertada. Isso devido à uma safra mais baixa de cana para a safra 2021/22, o que significará uma produção reduzida de etanol de cana, apesar de uma alocação de etanol projetada marginalmente maior.
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“Com um aumento projetado na demanda e continuadas baixas importações dos EUA, o aumento da produção de etanol de milho no Brasil e uma redução nos estoques podem ser necessários para fechar o balanço. O consumo global de etanol em 2020 é estimado em 95,9 bilhões de litros, queda de 13,5 bilhões de litros em relação a 2019 e o menor desde 2014”, ressalta.
O consumo global do biocombustível em 2021 foi estimado em 103,5 bilhões de litros (+7,6 bilhões em 2020, mas -6 bilhões em 2019), com a produção projetada para chegar a 106 bilhões de litros.
Segundo a organização, a produção dos EUA deve se recuperar para 56,8 bilhões de litros, ainda abaixo da alta de 2018 de 60,8 bilhões de litros, enquanto o Brasil deve produzir 31,5 bilhões de litros, abaixo da alta de 2019 de 35,2 bilhões de litros, mesmo com uma alocação de etanol marginalmente maior no Centro Sul do Brasil. “Um balanço apertado de etanol doméstico é esperado para o Brasil no próximo ciclo”, conclui a ISO.