A Organização Internacional do Açúcar (ISO) revisou a sua estimativa para a safra de cana-de-açúcar 2020/21 mundial e prevê um déficit de 3,504 milhões de toneladas, ante 724 mil de toneladas estimadas pela entidade, em agosto.
As baixas projeções para a produção de cana no Hemisfério Norte e a antecipação do encerramento da safra no Centro-Sul do Brasil foram os motivos apontados pela ISO para a mudança na estimativa.
“A previsão revisada coloca a produção mundial em 2020/21 em 171,133 milhões de toneladas, representando uma queda de 2,329 milhões de toneladas em relação à estimativa de agosto e 471 mil de toneladas a menos que em 2019/20”, disse a ISO.
Enquanto isso, o saldo da safra internacional 2019/20 atingiu um superávit de 1,855 milhão de toneladas, seguindo o aumento da produção de açúcar no Brasil antes de setembro.
Em agosto, o relatório da entidade apontou um aumento na produção em 3,883 milhões toneladas em relação ao ano anterior. Grande parte dessa mudança se deve ao avanço da safra brasileira, que aumentou a produção de 2019/20 em 2,43 milhões de toneladas e elevou o total global em 2,025 milhões de toneladas.
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Com relação ao consumo mundial em 2019/20, não foi revisado em relação à pandemia de Covid-19 em andamento. Com a mudança nos padrões de consumo, houve um subsídio de 2,723 milhões toneladas em relação ao consumo com base no período de bloqueio social.
Já as exportações do alimento tiveram aumento de 10% na temporada 2019/20, passando de 57,208 milhões de toneladas na safra anterior, para 65,553 milhões de toneladas e o salto é atribuído ao aumento dos embarques brasileiros.
No ciclo 2020/21, a perspectiva da ISO é de queda na disponibilidade de exportação para 58,516 milhões de toneladas.” O balanço do Brasil começará com 2 milhões de toneladas adicionais de produção na reserva, no entanto, a dinâmica do mercado de etanol, bem como, as perspectivas de safra, devem reduzir a disponibilidade ano a ano. No açúcar, não há dois anos, nem mesmo os consecutivos, iguais”, explica José Orive, diretor-executivo da ISO.
A demanda de importação foi revisada para 65,772 milhões de toneladas para 2019/20 e para 2020/21, de 61,854 milhões de toneladas, cerca de 3,338 milhões de toneladas a mais do que a disponibilidade de exportação, mas ainda bem abaixo do número visto na temporada anterior.
Estimativa para produção de etanol
A produção mundial de etanol em 2020 foi revisada para 100,9 bilhões de litros, resultado da estagnação da produção nos EUA e o mix de produção no Brasil voltado à produção do açúcar. Comparado ao ano passado, representa uma redução de 13,5 bilhões de litros e foi impulsionada pela produção mais baixa da maioria dos produtores.
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O consumo global de etanol em 2020 deve chegar a 98,3 bilhões litros, quase 13 bilhões de litros abaixo de 2019 e o nível mais baixo desde 2014.
De acordo com a entidade, mesmo com a recuperação do consumo no meio do ano, após o relaxamento do isolamento social, há temor sobre uma “segunda onda” e uma incerteza permanece sobre o impacto contínuo da pandemia na demanda de combustível, bem como, o impacto das intervenções governamentais.
“Para 2021, projeções apontam recuperação do consumo para 105,4 bilhões de litros, impulsionado por vendas mais altas nos EUA e perspectivas de maior inclusão na Índia”, conclui a organização.
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Esta matéria faz parte da Edição 321 do JornalCana. Para conferir, clique AQUI.