A Organização Internacional do Açúcar (ISO) divulgou hoje (1º) a sua primeira estimativa para a safra 2020/21 mundial e prevê um déficit de 724 mil toneladas de açúcar, com a produção aumentando 3,883 milhões de toneladas para 173,462 milhões de toneladas, enquanto o consumo retorna à tendência de longo prazo em 174,186 milhões de toneladas.
“Com a redução dos déficits projetados, os níveis de estoque devem permanecer estáticos em torno de 96 milhões toneladas”, afirma, em divulgação que inclui também a sua quarta revisão do balanço mundial do açúcar em 2019/20.
De acordo com a organização, a redução do consumo devido aos impactos da Covid-19 e a maior produção do adoçante no Brasil nos últimos meses, contribuíram para reduzir o déficit em cerca de 3 milhões de toneladas.
O saldo atual mostra um déficit estatístico global (a diferença entre o consumo mundial e produção) de 0,136 milhões de toneladas, abaixo dos 9,298 milhões de toneladas em maio, embora a pandemia tenha reduzido o consumo em 2,1 milhões de toneladas.
O saldo global, consequentemente, deixou de ser o maior déficit em 11 anos para neutro.
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“Uma superior alocação para a produção de açúcar no Brasil é fator significativo no menor déficit projetado para 2019/20 e 2020/21, juntamente com uma redução de 2,7 milhões de toneladas no consumo de açúcar em vários países. Esta revisão aponta para mudanças nas estatísticas anuais desde 2015/16”, ressalta a ISO em nota.
A previsão revisada coloca a produção mundial em 169,579 milhões de toneladas, um aumento de 2,781 milhões de toneladas em relação ao que foi estimado em maio, mas caiu 4,457 milhões de toneladas ou 2,5% em relação à temporada anterior.
A oferta mundial de açúcar ganhou 2,997 milhões de toneladas com a estimativa de produção do adoçante no Brasil, o que significa um aumento no ano-a-ano para 8,364 milhões de toneladas. Embora essa mudança tenha ajudado a deslocar o déficit para perto de zero, a flexibilidade global em relação à paridade com o etanol está aparentemente esgotada.
“Com variações nas perspectivas para os outros principais produtor, com a Índia, sustentando o balanço 2020/21, o domínio do país indiano e brasileiro está em um pico de 10 anos em termos de sua participação na produção”, explica José Orive, diretor-executivo da ISO.
Disponibilidade de exportações aumenta
A estimativa para a disponibilidade de exportações globais é de 60,755 milhões de toneladas, 3,365 milhões de toneladas a mais do que valor revisado para 2018/19.
Para 2020/21, os estoques transitados no Brasil aumentarão as exportações em mais 2.269 milhões de toneladas, mas uma queda de 2.889 milhões de toneladas na disponibilidade de exportação da Tailândia deve compensar todo esse aumento, enquanto o total global vê uma redução de 0,537 milhões de toneladas ano a ano para 60,218 milhões de toneladas.
Importações caem
A demanda global de importação é de 60,477 milhões de toneladas, com queda 0,559 milhão de toneladas de açúcar em relação à estimativa de maio, mas até 3,284 milhões de toneladas a partir de 2018/19. Isso deixa um saldo comercial de 276.000 toneladas excedentes do déficit de 334.000 toneladas em maio. A estimativa de importação para 2020/21 é de 60.301 milhões toneladas do adoçante.
Quanto a valores do mercado mundial, desde a última análise trimestral do mercado divulgada em maio, aumentaram cerca de 20%. “O ISA Daily Price e o ISO White Sugar Price Index para a primeira quinzena de agosto fizeram a média 13,08 centavos / lb e US $ 375 / tonelada, respectivamente”, informa a ISO.
Os preços do açúcar bruto aumentaram 20% desde a última revisão da ISO, em maio. Embora este movimento recente seja contrário à perspectiva para a temporada 2019/20 – onde o déficit diminuiu significativamente – mostra a preocupação com o acesso aos alimentos e uma situação de abastecimento global que parece depender quase exclusivamente do Brasil.
Também é apoiado por fundos de hedge que tomam uma visão cada vez mais otimista sobre o mercado de açúcar, com uma oscilação de mais de 200.000 lotes desde maio.
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Incerteza permanece sobre o mercado de etanol
Quanto ao mercado de etanol, a organização afirma que a incerteza permanece sobre o impacto da pandemia na oferta e demanda global de combustível. A produção mundial em 2020 foi revisada para baixo, com 100,4 bilhões de litros produzidos, mas deverá se recuperar em 2021.
Em comparação com 2019, representa uma redução de quase 14 bilhões de litros e foi impulsionada pela produção mais baixa na maioria dos produtores.
O consumo global de etanol em 2020 deve chegar a 99,4 bilhões de litros, 12,7 bilhões de litros abaixo de 2019 e o nível mais baixo desde 2015. A produção foi revisada para 100,4 bilhões de litros, queda de 1,3 bilhão de litros em relação a maio e de 114,3 bilhões de litros em 2019.
Já as projeções para 2021, apontam recuperação do consumo para 109,7 bilhões de litros, à medida que a demanda por combustível melhora globalmente.
O comércio global de etanol em 2020 continuará a ser dominado pelas exportações dos EUA, embora essas negociações devem cair pelo segundo ano consecutivo, devido ao uso mais fraco de combustível em mercados de destino.
As exportações de etanol do Brasil, por outro lado, devem aumentar à medida que os produtores se beneficiem do real (BLR) mais fraco.
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