Mercado

Investimento não resolve abastecimento

O setor sucroalcooleiro prevê investimentos de R$ 14 bilhões até a safra 2010/11 para ampliar em 50,12% a capacidade de moagem de cana (de 379,7 milhões de toneladas para 574 milhões) e atender a demanda por álcool e açúcar. Além disso, há planos para aporte de R$ 7 bilhões para expansão da área cultivada.

Mesmo assim, o problema atual de abastecimento de álcool no mercado interno, com alta nos preços, não deve ser sanado, já que os recursos seriam destinados ao aumento da produção e não para a estocagem.

A questão da estocagem foi discutida na reunião que selou o malfadado acordo de janeiro entre governo e usineiros para tentar conter a alta no preço do álcool na entressafra da cana.

Ao anunciar o acordo, o governo se comprometeu a estudar formas de financiamento mais baratas para aumentar os estoques. Depois o discurso mudou. O ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) disse depois que a estocagem é função da cadeia produtiva. “É preciso encontrar mecanismos privados.”

Na semana passada, quando o governo estudou novas medidas após a quebra do acordo por parte dos usineiros, o assunto voltou a ser levantado, mas o Ministério da Agricultura já divulgou que não há recursos para este fim.

O setor produtivo afirma que não haverá problemas para o financiamento para aumento da produção, mas que mesmo com o grande aporte de recursos, a questão da alta nos preços na entressafra vai continuar.

“O setor está passando por uma boa fase. Boa parte dos investimentos viria de fora e também há recursos do BNDES”, diz o presidente do grupo Unialcool e da Udop (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista), Luiz Guilherme Zancaner.

As perspectivas para o álcool são muito boas. No mercado internacional, há o Protocolo de Kyoto, que prevê a redução da emissão de poluentes.

“Mas há um consumo desordenado e agora a oferta está mais restrita. É necessário ter um estoque de segurança, para evitar que mudanças climáticas ou disparo de consumo provoquem alta no preço”, completou Zancaner.

Para José Ricardo Severo, assessor técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o problema vai persistir se o governo não adotar uma política séria de estocagem. “O álcool é um produto caro para armazenar e a relação demanda e oferta é muito justa.”

Em nota, a Única (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo) informa que os estoques de álcool existentes garantem o abastecimento neste momento.

Açúcar

O açúcar representou 83,43% do faturamento das exportações do complexo sucroalcooleiro em 2005, de US$ 4,707 bilhões.

Desde 2000, as exportações do açúcar cresceram 225%. Partindo de uma base menor os embarques de álcool cresceram 1.700%.

As perspectivas para o mercado de açúcar também são otimista, segundo a CNA. Houve corte dos subsídios em 36% ao produtor de açúcar na União Européia e, também, a decisão da OMC (Organização Mundial do Comércio) em favor do Brasil contra as exportações subsidiadas da UE.

A ANP informou que, até o fim do primeiro semestre, terá condições de avaliar o nível de estoques de álcool no país.

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