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Investidores árabes querem desenvolver seus negócios no Brasil

Os investidores árabes que vieram a Brasília para uma feira comercial, organizada paralelamente à primeira reunião de Cúpula América do Sul e países árabes, prevêem um desenvolvimento rápido de suas relações com o Brasil, onde encontram produtos de qualidade a preços competitivos e um clima de negócios “menos áspero” do que com seus interlocutores americanos e europeus.

Cerca de 800 empresas, entre elas 200 de países árabes, aceitaram participar da feira organizada na capital federal brasileira.

“Os árabes vêem cada vez mais o Brasil como um excelente fornecedor e um pólo atrativo de investimentos potenciais”, indicou à AFP Antonio Sarkis Jr, presidente da Câmara de Comércio árabe-brasileira (CCAB).

“Os produtos brasileiros destinados à exportação são de muito boa qualidade, em todos os setores”, acrescentou.

Shawqi Nasser, um palestino especializado na venda de materiais de construção brasileiros no Oriente Médio, tem a mesma opinião.

“A qualidade da matéria-prima é indiscutível e a mão-de-obra, sempre rigorosa, custa bem menos que na Europa, onde muitos árabes continuam investindo”, disse, citando o granito como exemplo.

Por outro lado, destaca Nasser, os brasileiros e os árabes gostam de criar um ambiente de troca e de diálogo antes de passar às negociações.

“Desde os atentados de 11 de setembro (2001), as relações dos árabes com os americanos e europeus se tornaram ásperas e isto reflete na hora de fazer negócios”, afirmou.

Antonio Sarkis Jr lembra que cerca de 12 milhões de árabes vivem no Brasil.

“O Brasil é o país com maior número de árabes fora do Oriente Médio, e a cultura brasileira absorveu muitos elementos trazidos por estes imigrantes”, comentou.

Depois da viagem do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a cinco países árabes em dezembro de 2003, as trocas entre o Brasil e os 22 países árabes assistiram a um forte crescimento, chegando a 8,1 bilhões de dólares em 2004 (+50%), com um equilíbrio de exportações e importações, segundo a CCAB.

No primeiro trimestre, elas continuaram na mesma tendência, aumentando em 18% ao ano.

O petróleo e seus derivados representam 75% das importações brasileiras provenientes de países árabes. Já o Brasil exporta produtos do setor de agroalimentos (açúcar, carnes, café…) e artigos manufaturados, entre eles peças do setor automotivo e máquinas para a indústria.

Semana passada, a companhia aérea Saudi Arabian Airlines encomendou 15 aviões ao construtor brasileiro Embraer, quarto fabricante mundial, com sede na cidade de São José dos Campos, interior paulista.

O Brasil tem grande participação nas trocas dos países árabes com a América Latina, que chegaram a 10 bilhões de dólares ano passado, mas os vizinhos do gigante latino-americano também enviaram 200 industriais a Brasília, na expectativa de ficar com uma fatia do bolo árabe.

Durante a reunião de cúpula entre o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e o Conselho de Cooperação do Golfo será assinado um acordo para desenvolver negociações de livre troca. A iniciativa levará ainda à inauguração do vôo direto entre as duas regiões (São Paulo-Dubai).

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