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Investidor volta a apostar na alta das commodities

Diante de sinais de que a economia global está se recuperando e que a valorização do dólar faz uma pausa, investidores estão voltando discretamente a investir em commodities, como petróleo, cobre e açúcar.

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Açúcar subiu 5,5%

O Índice GSCI da S&P, que acompanha os preços de 24 commodities, subiu mais de 10% desde 17 de março, e está perto de atingir seu ponto mais alto desde dezembro. A alta está sendo impulsionada pela recuperação dos preços do petróleo, que já subiram mais de 30% de suas mínimas, assim como o avanço nos preços do cobre, açúcar, ouro e outras commodities.

Desde meados de 2014, a queda nos preços das commodities e a alta do dólar têm sido influências constantes no mercado. Mas o dólar está estável desde março, depois que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, indicou, em 18 de março, que não está com pressa de elevar os juros e por uma série de indicadores econômicos nos EUA que decepcionaram o mercado.

Poucos analistas e operadores acreditam que o declínio no preço de muitas commodities terminou. A demanda da China, o maior consumidor de commodities do mundo, continua a cair, enquanto a Europa luta para evitar outra crise econômica.

Ainda assim, alguns investidores institucionais veem uma oportunidade tentadora demais para deixar passar. Muitos estão adquirindo commodities a preços que estão nos níveis mais baixos em muitos anos, já que as bolsas de valores em recordes de alta e os títulos soberanos perto de zero na Europa e na Ásia deixam poucas opções atraentes de investimento disponíveis.

“As pessoas estão achando reconfortante que a Europa esteja estimulando (sua economia) e que o crescimento dos EUA esteja sendo mantido”, diz George Zivic, que administra US$ 325 milhões no fundo Oppenheimer Commodity Strategy Total Return. “Se você é um investidor em commodities subvalorizadas, acredito que há oportunidades aqui.”

Na semana terminada em 14 de abril, as apostas dos investidores em um aumento de preços do petróleo superaram em 9% (231.556 contratos) as apostas na queda de preços, o maior nível desde agosto, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA. Gestores de recursos, como um grupo, passaram a apostar em uma alta do cobre no início de março, depois de apostarem que o preço do metal cairia por 23 semanas seguidas.

O fluxo de recursos em direção a fundos negociados em bolsa com foco em energia cresceu 40% em março, depois de cair no mês anterior, segundo a Morningstar.

O aumento no fluxo de investimentos tem se traduzido em uma alta dos preços de algumas commodities. O petróleo, por exemplo, subiu quase 30% desde uma mínima em março. O cobre já subiu quase 4%, o açúcar, 5,5%, e o ouro, 3,4%.

Muitos analistas dizem que uma recuperação econômica na zona do euro impulsionará a demanda por matérias-primas na região, que está atrás apenas da China como consumidora de commodities. Muitos também apostam que a China já tenha passado pela pior fase de desaceleração, um fator importante por trás dos vários anos de queda nos preços das matérias-primas.

Ao mesmo tempo, alguns investidores acreditam que a valorização do dólar durante oito meses foi interrompida devido à fraqueza de dados econômicos nos EUA e de sinais de que o Fed está menos disposto a elevar os juros nos próximos meses. O enfraquecimento da moeda americana torna as commodities negociadas em dólar mais baratas para os consumidores fora dos EUA. Uma pausa na ascensão do dólar removeria um obstáculo que vem pressionando os preços das commodities há quase um ano.

“Nós acreditamos que podemos ter atingido o fundo do poço”, diz François Bourdon, diretor de investimento da Fiera Capital, FSZ.T -0.37% gestora de ativos canadense que supervisiona US$ 85 bilhões.

Bourdon prevê uma recuperação global, onde o crescimento robusto da economia americana vai impulsionar as economias da Europa e do Japão, enquanto o esfriamento na China será mais moderado. Ele também prevê que, depois de uma forte valorização, a alta do dólar deve permanecer limitada. Entre seus investimentos recentes estão ações preferenciais e títulos de dívida corporativa de alto risco de petrolíferas, principalmente aquelas sediadas no Canadá.

Mas os investidores têm uma abundância de razões para agir com cautela, e muitos preferem ficar à margem. A ata da mais recente reunião do Fed, divulgada em 8 de abril, mostrou um número maior que o esperado de membros do banco central optando por elevar os juros em junho. A reunião ocorreu, contudo, antes da divulgação de uma série de dados anêmicos da economia americana, como o número de contratações no mercado de trabalho muito mais fraco que o esperado, o que pode ter esfriado o entusiasmo das autoridades do Fed para elevar os juros neste semestre.

Outros operadores acreditam que elevar a inflação na Europa, uma das principais metas do Banco Central Europeu, será muito mais difícil do que o previsto, citando as tentativas do Japão, que ainda está lidando com a deflação apesar de estímulos sem precedentes de seu banco central. E embora a China tenha anunciado várias medidas de estímulo nos últimos meses, elas falharam em incentivar a demanda por commodities.

Ao mesmo tempo, o acordo nuclear entre Teerã e Washington pode levar o petróleo do Irã de volta ao mercado, enquanto a Arábia Saudita se recusa a reduzir a produção de petróleo, deprimindo os preços.

“Pode ser que o fundo do poço esteja próximo, mas ainda não estamos lá”, diz Giovanni Staunovo, analista de commodities do setor de gestão de fortunas do UBS, UBS +1.72% que administra US$ 1 trilhão. “Há grandes incertezas lá fora.”

(Fonte: The Wall Street Journal)

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