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Investidor americano aposta na expansão do etanol e energia solar

Vinod Khosla, maior investidor do Vale do Silício em energias alternativas, prevê um rápido crescimento da produção de etanol de celulose e da geração de energia solar, enquanto o carvão perderia espaço como matriz energética. O lendário investidor por trás de em-presas de alta tecnologia como Sun Microsystems e Juniper Networks disse que as energias renováveis oferecem o mesmo horizonte de investimentos, de quatro a seis anos, normalmente dado a novas empresas do setor de informática.

“Eu diria que o risco técnico nos biocombustíveis não é diferente do dos semicondutores, e o risco do mercado é algo similar”, disse Khosla em entrevista ao Reuters Biofuel Summit. A Khosla Partners, fundo de investimentos que ele fundou há 15 anos em sociedade com a empresa Kleiner Perkins Caufield &am Byers, já investiu em mais de 25 empresas de energia renovável — que abrangem desde a produção de etanol e energia solar até o desenvolvimento de lâmpadas e motores mais eficientes.

Na entrevista, Khosla previu um rápido avanço do álcool à base de celulose, um produto de baixo custo, como alternativa ao petróleo. Isso se deve, segundo ele, ao apoio político e a eventuais mudanças em leis estaduais nos EUA. Para ele, 2007 é o ano em que o etanol de celulose vai se tornar uma perspectiva real para investidores, e em 2008 os fornecedores de tecnologia para o setor devem lançar ações em bolsas.

“Lembre-se que no ano passado o etanol de celulose estava de seis a dez anos (distante). Agora as pessoas falam em quatro a seis anos. E minha aposta é que até o final deste ano vão falar em dois a três anos”, afirmou. “Então talvez estejamos fazendo dois anos de progressos por ano.” Ele previu um crescimento também do mercado global do álcool combustível, devido ao aumento da produção em lugares como Brasil e Indonésia e a eventuais quedas de barreiras à importação na Europa e na América do Norte.

Na frente política, ele diz que o governo Bush compartilha com a oposição democrata o desejo de ampliar o uso de energias renováveis para reduzir a dependência em relação ao petróleo. Além disso, a Suprema Corte pode classificar o dióxido de carbono como substância poluente, o que deve provocar mudanças no marco regulador de modo a incentivar o uso do álcool.

Khosla é cético quanto às possibilidades da energia solar residencial e da eólica, mas se entusiasma com a energia “termal solar” — grandes conjuntos de células solares instalados nos desertos do Sudoeste dos EUA–, que segundo ele já estaria atraindo a atenção de pelo menos uma empresa do setor elétrico no Oeste do país. “A termal solar vai se tornar muito mais visível. Suspeito de depois de 2008 seja reconhecida como uma verdadeira energia de escala empresarial”, afirmou.

Já o carvão, segundo ele, está condenado como matriz energética. Khosla acredita que nos próximos anos Wall Street vai perceber os riscos de investir nessa matéria-prima como fonte básica da produção elétrica dos EUA. “Há 15, 20 anos as pessoas não pensavam nos riscos políticos da (energia) nuclear. O carvão tem o mesmo tipo de risco hoje, e (tais riscos) simplesmente não são tão visíveis.”

Mas, com a introdução de taxas sobre a emissão de carbono e outras medidas contra o uso do carvão, é duvidoso que novas usinas apresentem retorno aos investimentos dentro de 50 anos. “Minha aposta é de que, até o final do ano ou começo do próximo, os valores das empresas elétricas sofrerão descontos. Os limites do mercado vão aparecer para pessoas que estão investindo ou que estão mais dependentes do carvão. Isso vai ser um grande fenômeno financeiro.”

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