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Invento pode ser solução para evitar queima da cana

A multinacional alemã ESM lançou no mercado uma máquina que promete interferir na atividade das indústrias sucro-alcooleiras e barrar a eliminação de poluentes atmosféricos apontados como principal entrave ambiental no que diz respeito às usinas de álcool.

A professora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), química, Sônia Hess disse em entrevista exclusiva ao Midiamax que vários contatos com indústrias de fabricação de máquinas foram feitos no intuito de ser desenvolvido um invento como máquina portátil. Com aparência de um cortador de grana a ESM lançou no mercado a CaneThumper.

A queima ocorre porque a palha da cana é cortante e machuca o trabalhador, além de dificultar o seu trabalho. Segundo a professra, queima-se o canavial antes do corte, para facilitar o acesso dos cortadores e, também, para proporcionar um aumento do teor de açúcares presentes na cana.

“O problema é que a queima da palha, a céu aberto, ocasiona intensa poluição atmosférica, que repercute em problemas de saúde, tanto nos trabalhadores, quanto em toda a comunidade exposta aos poluentes. Por outro lado, a palha da cana é um biocombustível, e poderia ser usada como fonte de energia, em caldeiras. Ao invés de queimada, a palha da cana deveria ser podada, recolhida, e processada para ser queimada de forma adequada. Para viabilizar esta poda, estamos à procura de um inventor de uma máquina leve e portátil, como se fosse um cortador de grama, que seria utilizada na poda da palha”.

“Havendo este ou estes equipamentos portáteis, uma equipe de trabalhadores poderia passar primeiro no canavial, podando a palha, e os cortadores viriam depois, cortando a cana. Desta forma, seria possível eliminar a prática da queima da palha e aproveitar o material podado, como combustível. Também seria resolvido o problema da adequação do maquinário a qualquer terreno, já que as máquinas disponíveis no mercado, atualmente, não se adequam a colheita da cana em terrenos inclinados. Os trabalhadores continuariam trabalhando nos canaviais, evitando-se seu desemprego”.

Indústria

Segundo o presidente do Sindiálcool (Sindicato das Indústrias de Álcool de Mato Grosso do Sul), Isaias Bernardini, que representa as 11 indústrias instaladas no Estado, são 60 empresas que aguardam a licença ambiental para instalação.

Indagado sobre a posição do sindicato sobre o projeto de lei que acaba com os 25 quilômetros de limite entre uma usina e outra, o sindicato diz que não pode se manifestar porque reúne usineiros favoráveis e contrários. “ É um tema polêmico e os deputados são os representantes da sociedades e eles podem decidir isso”.

O sindicato descarta que no Estado haja o interesse em substituir a queima pela nova invenção, para o corte da palha. O Sindialcool aposta na mecanização para substituição da mão-de-obra do cortador, o que indica o desemprego no setor polêmico por conta das inúmeras denúncias de exploração dos trabalhadores braçais. Cada homem ou mulher tem que cortar 12 toneladas de cana ao dia nas usinas.

“A colheita deverá ser mecanizada. As usinas antigas estão se ajustando gradativamente. A lei estadual estipula como prazo até 2016 para mecanizar e eliminar a queima”.

Na Austrália, as usinas trabalham de forma mecanizada pela falta de cortadores e, no Brasil, ainda há a utilização da queima. “A nossa legislação ambiental é rigorosa e a sociedade não quer mais isso”.

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