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Interferência do governo afasta investimentos, diz empresário

A perspectiva de maior interferência do governo brasileiro no mercado de etanol pode afastar investimentos para atender à crescente demanda interna, criada pela frota de carros flex. O alerta de José Carlos Grubisich, presidente da ETH Bioenergia, braço sucroenergético da Odebrecht, resume o receio do setor. O executivo, à frente da ETH, foi responsável em 2010 por 60% do aumento na oferta de etanol do País.

Entre as medidas do governo, estão a recente redução do piso da mistura de etanol na gasolina de 20% para 18% e a manutenção do preço da gasolina há mais de 5 anos, enquanto o petróleo segue em alta e volátil no mercado internacional. Segundo Grubisich, não é possível comparar o preço do etanol, que é livre, com o da gasolina, regulado.

Sem investimentos, o cenário é de manutenção da oferta limitada de cana nos próximos anos, diz o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank. Para ele, a situação de oferta restrita e preços altos deve continuar até 2015.

A falta de investimentos no setor não é recente e começou com o impacto forte da crise de 2008 sobre as empresas do setor, em um momento de expansão da capacidade produtiva com elevado endividamento. Essa situação provocou um forte processo de consolidação nos últimos três anos. Grandes empresas foram absorvidas e novos grupos surgiram, com participação de tradings internacionais, grupos indianos de açúcar e petroleiras.

A oferta de cana, com expansão em torno de 10% ao ano na última década até 2008, caiu para 3% ao ano nos anos seguintes. “A maior produção de açúcar fez com que o setor deixasse de produzir perto de 3 bilhões de litros de etanol”, afirma Grubisich.

Preços. Para esta safra, o cenário esperado é diferente. A expectativa é de que os preços do etanol hidratado fiquem, no mínimo, em torno de R$ 0,90 por litro ao produtor, 20% acima dos R$ 0,75 da safra passada.

Segundo números da corretora de etanol Bioagência, a menor oferta de etanol e consequente alta nas cotações deve provocar uma queda de 4% no consumo do combustível em 2011 no Centro-Sul do País ante 2010.

A previsão é de uma demanda 24,839 bilhões de litros neste ano, ante os 25,895 bilhões de litros do ano passado, na primeira queda no consumo desde 2000, quando os veículos flex nem sequer existiam. Com a redução no etanol e o aumento da frota de carros flex, na avaliação da Bioagência, o consumo de gasolina em 2011 saltará 10,4%. Como a demanda de cana para o etanol, além da produção de açúcar, deve superar 1 bilhão de toneladas, só investimentos em novas usinas podem suprir a lacuna.

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