
Crotalária, milho, soja, amendoim, entre outras culturas colocam a integração como importante alternativa para aumentar a produtividade do canavial, ao mesmo tempo que também podem contribuir para elevar a margem das receitas com os certificados de descarbonização.
O assunto foi pauta do painel Integração e Descarbonização, realizado durante a 1ª Reunião Canaplan Safra 2022/23, na terça-feira (19), em Ribeirão Preto – SP. Participaram do painel Denizart Bolonhezi (IAC), Júlio Campanhão (Agrocamp/Canaplan), Luís Renato de Paula Ferreira (Usina São Martinho), Nilza Patrícia Ramos (Embrapa Meio Ambiente), com moderação do diretor da Canaplan, Luiz Carlos Gouvêa Carvalho.
O binômio correção de solo e rotação de cultura e depois tecnologias via folha complementares, são ações fundamentais, destaca Júlio Campanhão, da Agrocamp. Entre 2014 e 2019, ele informou ter feito várias áreas em usinas com a utilização da crotalária. “Tivemos mais de 5 mil hectares com ganho de 5.3 toneladas por hectares de produtividade agrícola. Um ganho de 7kg de ATR. Estamos fazendo e aprendendo, com 99% de acerto. Hoje tem que potencializar a biota do solo, que vai potencializar a produção da cana. Uma prática barata para aumentar a longevidade e produtividade”, afirmou.
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Ela complementa. “Participo do grupo que elabora a calculadora do RenovaBio, e fizemos umas simulações com essa integração milho, e isso dá um ganho de 3.6 tonelada de CO2 evitado por hectare. Então a gente vê hoje o CBIO está aí na faixa dos 100 dólares, o que daria um valor de 360,00 reais por hectare que a gente vai poder ter, usando essa tecnologia”, explica Nilza.
Luís Renato, da Usina São Martinho avalia que o consórcio cana/milho está mais bem dominado do que com a soja. “Vem despontando como uma boa opção. Já estamos com áreas em três das nossas quatro unidades e deverá sim, se tornar uma ferramenta no nosso manejo de plantio”, ressalta.
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Denizart Bolonhezi, do IAC, destacou a importância de se trazer outras culturas para o setor, destacando a soja e também o amendoim, que em São Paulo, representa 95% da produção do país, citando também a realização de testes com o feijão.
“O trabalho de manejo de solo é fundamental para a escolha da cultura mais adequada. Não se constrói conhecimento sem pesquisa. O Brasil acha muito e mede pouco. Fazer pesquisa de longa duração custa e é preciso parcerias. Abram as portas para que possamos fazer trabalhos com maior representatividade e que os resultados não sejam apenas pontuais”, ressalta Bolonhezi.