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Instituto testa combustível sintético à base de cana

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) desenvolve projeto de um combustível sintético a partir da cana-de-açúcar. “É possível elevar a produção de álcool no Brasil, quase dobrar, sem aumentar um milímetro na área plantada e sem poluir o meio ambiente”, diz o pesquisador Ademar Hakuo Ushima.

Ele trabalha desde 1999 na obtenção de monóxido de carbono (CO) e hidrogênio (H2), denominados gases de síntese, que servirão de matéria-prima para geração, por meio de reações químicas, de combustíveis: gasolina, óleo diesel, metanol, etanol, dimetil éter (DME) e amônia, para fertilizantes.

Por enquanto, a pesquisa do IPT concentra-se na produção dos gases. A fase seguinte, a reação química entre eles, para obtenção dos combustíveis sintéticos, ficará a cargo de indústrias que porventura estejam interessadas na tecnologia. Ushima observa que não falta matéria-prima para gerar os gases.

Sobra de bagaço é economicamente viável

A sobra de bagaço da cana moída nas usinas de açúcar e álcool do Estado de São Paulo é uma alternativa economicamente viável. A maior parte deste material, cerca de 90%, é utilizada nas próprias instalações para queimar e gerar eletricidade. “Os 10% que sobram não têm destino certo e podem servir para nosso projeto”, justifica Ushima.

A pesquisa visa também a destinação mais nobre e limpa às palhas que ficaram nos canaviais, Hoje, ressalta Ushima, tudo é abandonado no local após o corte, e muitas vezes queimado para deixar a terra limpa para o replantio. A queimada da palha, informa o pesquisador, é uma das maiores ameaças ao meio ambiente e à saúde das pessoas que moram nestas localidades. “Não é à-toa que Piracicaba e Ribeirão Preto são cidades com altos índices de moléstias pulmonares no Estado”, exemplifica.

De acordo com os cálculos dos pesquisadores, cada tonelada de cana utilizada para produzir álcool gera 140 quilos de bagaço nas usinas e igual quantidade de palha no campo. “Mesmo considerando os 90% de reaproveitamento do bagaço, é muita energia desperdiçada”, frisa o pesquisador do IPT.

União Européia lança plano de biocombustíveis

DAVID ESNAULT

DA AGÊNCIA FRANCE PRESSE

A União Européia (UE) apresentou ontem um novo plano de desenvolvimento de biocombustíveis, para tentar quadruplicar o consumo do produto no bloco em cinco anos, na esperança de que as agitações atuais do mercado de energia incentivem os Estados membros a se envolverem mais no setor.

Assim, a UE poderá se tornar concorrente do Brasil, primeiro produtor e consumidor mundial de biocombustíveis. O Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou em novembro que investirá US$ 10 bilhões nos próximos sete e oito anos para dobrar sua produção.

Com a intenção de confirmar uma lei européia de 2003, a Comissão Européia pretende aumentar a proporção de consumo de biocombustível no bloco a 5,75% do combustível total consumido na UE em 2010. A lei fixava uma meta de 2% para 2005, que não foi alcançada: a proporção de biocombustível subiu para apenas 1,4% neste ano, após 0,8% em 2004, segundo a Comissão.

Mas a situação mudou, segundo a UE, por causa dos novos recordes históricos do petróleo, da recente crise de abastecimento energético com a Rússia e também da necessidade de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa para lutar contra o aquecimento global.

Os bicombustíveis produzidos na UE ainda não são tão competitivos quanto o petróleo. Um barril de etanol custa 80 euros, e um barril de biodiesel, 60 euros, segundo um especialista da Comissão, contra 55 euros (US$ 65 ) para um barril de petróleo. Para reduzir os custos de produção, a UE se dedica à pesquisa, com a fabricação de “biocombustíveis de segunda geração”, e às economias de escala garantidas por um aumento da produção. A Comissão, porém, não forneceu dados sobre a redução dos preços esperada nem sobre os investimentos necessários para atingir estes objetivos.

Além do interesse em reduzir os gastos com petróleo e a dependência energética européia, o projeto de desenvolvimento dos biocombustíveis responde à necessidade de reduzir a emissão de CO2, de acordo com os compromissos do Protocolo de Kyoto, assinado pela UE.

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