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Inserção global do Brasil passa por questão agrícola

Os benefícios que os tratados internacionais podem trazer para o Brasil são a base da discussão sobre o melhor modelo de inserção do País no mercado global. “Sou um otimista com o Brasil”, disse o professor da Princeton University, José Alexandre Scheinkman. Para ele a abertura comercial reduz a instabilidade econômica e permite, por si só, que cada país encontre o nicho de mercado a ser explorado. “Uma reputação de qualidade é pré-requisito para a inserção internacional, prova disso é o agronegócio brasileiro”, disse Scheinkman enfatizando que além das vantagens comparativas naturais existem surpresas como a Embraer e a biotécnica no Brasil, exemplos de negócios em que o País apresenta reputação e nicho de mercado apesar da improvável vocação nacional.

Scheinkman citou uma série de benefícios gerados pelo comércio internacional, como a possibilidade de se explorar vantagens comparativas e economias de escala; a difusão de tecnologia através das importações e exportações; e a capacidade maior de atrair capital apresentada pelas economias mais abertas.

O professor de Princeton, Pratini e Camargo participaram ontem do I Seminário Internacional Desafios do Brasil no Mercado Global realizado pelo Partido Progressista em São Paulo. O economista de Princeton considera que a evolução na negociação das questões agrícolas é essencial para o Brasil.

Assim como Scheinkman, o ex-ministro da Agricultura Marcus Vinícius Pratini de Moraes acredita na necessidade de priorizar o tema da agricultura nas negociações comerciais da Organização Mundial de Comércio (OMC), Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e União Européia (UE) a fim de evitar desvios comerciais e garantir o superávit brasileiro, que segundo eles ainda é baixo.

“Ou se negocia a agricultura ou nada. Não temos mais nada a negociar”, disse Pratini completando que é o setor agrícola o responsável pelo superávit comercial brasileiro. Já o analista da Tendências Consultoria, José Márcio Camargo, disse que o acordos comerciais serão benéficos independente das negociações agrícolas.

Para o ex-ministro a abertura é essencial para a estabilidade, mas não há como pagar as contas de importação sem exportações agrícolas. Pratini destacou que além das commodities agrícolas o Brasil desenvolveu vantagens comparativas em segmentos com tecnologia embargada como genética bovina e máquinas agrícolas. “Devemos formar preço e não nos preocuparmos com os preços de mercado”, disse Pratini. Segundo ele, atualmente, a preocupação foi transferida de volume para qualidade e preço. “Os determinantes da continuidade do crescimento do agronegócio serão as negociações internacionais, os investimentos em logística e marketing.”

Na opinião de Camargo o Brasil é um dos países mais fechados do mundo e as negociações são fundamentais para inserção, que determinará a redução da instabilidade econômica brasileira.

“O agronegócio deu o exemplo de como fazer a abertura”, disse ele. Segundo Camargo, a abertura é difícil e coloca em risco a estabilidade porque as instituições governamentais não foram preparadas para ela. “Vivemos um momento de transição econômica passando de uma economia de comando para uma economia de mercado. Com isso o Estado passa de investidor a indutor de investimentos privados. Porém as instituições não foram desenhadas para isso”, disse Camargo.

De acordo com ele, o despreparo está relacionado à incapacidade de garantir o direito de propriedade e as relações contratuais com rapidez e eficiência.

Scheinkman também destacou o papel do Estado na economia para criar vantagens comparativas. “Isso é feito através de investimentos em pesquisa e educação que afetam diretamente a competitividade da indústria”, disse o economista dando o exemplo da Embraer em São José dos Campos (SP).

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