Depois de um período marcado por geadas, incêndios, e falhas no canavial, a expectativa para a safra 2022/23 de cana-de-açúcar no estado de Minas Gerais está mais otimista, devendo alcançar a marca de 70 milhões de toneladas de cana.
Para o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), Mário Ferreira Campos Filho, as perspectivas em dezembro eram melhores, mas devido à crise provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, elas foram represadas. “Tínhamos uma perspectiva de muito investimento em Minas. Em dezembro, apresentamos ao governador a intenção de ir para mais de 90 milhões de toneladas de cana, mas existem muitas variáveis atuando, o que provoca um represamento nesse processo e a gente não sabe, se as coisas correrão no tempo que havíamos programado”, afirma.
Segundo Campos, as preocupações com a questão da alta dos fertilizantes, que já vinha acontecendo, serão acentuadas por conta do confronto no leste europeu. Além desses fatores, ele também chama a atenção para o ano eleitoral. “O nosso setor está diretamente relacionado a políticas públicas, e isso pode influenciar em novos investimentos”, alerta.
Mas mesmo com essas situações, Mário Campos afirmou estar otimista. “Temos em Minas um estado com muito potencial. Usinas estão sendo reativadas, empresas novas estão chegando e existe um alinhamento muito forte entre o governo e o setor privado. Estamos num estado que incentiva o uso de biocombustíveis. Minas tem uma característica importante. A gente tem uma flexibilidade de fábrica muito boa e conseguimos otimizar os ganhos entre açúcar e etanol, diferente de outros estados. Hoje nós estamos correndo atrás de cana para atender às demandas das nossas fábricas”, ressaltou.
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Para o presidente da Siamig, existe uma tendência de crescimento no setor que deve contribuir para a criação de mão-de-obra, dentro da linha de proposta do governo federal da geração de empregos verdes. “Existe uma forte inclinação para a manutenção de plantio manual e isso gera muita oportunidade, ao mesmo tempo que cria riscos e desafios para o setor”, disse.
Com relação ao preço dos combustíveis, Campos defendeu o PPI (Preço de Paridade Internacional). “Sem dúvida ele foi uma conquista, mas em período de guerra existem algumas consequências que precisam ser repensadas. Mas os objetivos do PPI não podem ser jogados de lado. Ele possibilitou a privatização de refinarias e a inclusão de importadores de combustíveis no processo. Nós temos hoje o diesel como grande insumo nosso, sendo que 25% são importados, e a gente não pode nem sonhar em não ter esse produto para fazer a nossa safra e dependendo do que ocorrer, o açúcar pode vir a ficar ainda mais valorizado”, acredita Campos, lembrando que as mudanças de regras podem alterar o equilíbrio atualmente alcançado.
Segundo o presidente da Siamig, os indicadores recentes apontam para uma perspectiva de aumento significativo na produtividade agrícola. “A gente tem que ver o copo meio cheio. Recuperamos o setor nos últimos anos, mudamos a percepção do mercado financeiro e os balanços fechados agora em março, deverão vir com resultados muitos positivos”, finaliza.