Mercado

Ingenio Aguaí: Liderando a sustentabilidade e a inovação na indústria sucroenergética 4.0

Usina é a primeira da América Latina a produzir açúcar por carbonatação, que elimina o uso do enxofre em seu branqueamento

Ingenio Aguaí: Liderando a sustentabilidade e a inovação na indústria sucroenergética 4.0

A Ingenio Aguaí, usina sucroenergética da Bolívia, está redefinindo os padrões de excelência, tecnologia e sustentabilidade na América Latina. Em menos de uma década, tornou−se uma das principais referências do setor, destacando−se por suas práticas ambientalmente responsáveis e sua adoção de tecnologia de ponta.

Localizada no leste da Bolívia, no estado de Santa Cruz, a Ingenio Aguaí iniciou suas operações em 2013, dedicando−se à produção de álcool industrial e tornando se a primeira na região a adotar o processo de carbonatação para a produção de açúcar, eliminando o uso de enxofre em seu branqueamento.

Esse método, comumente utilizado na Europa e nos Estados Unidos, reflete o compromisso da usina com a inovação e a preservação ambiental.

Reconhecida como a usina sucroenergética mais moderna do país e uma das mais avançadas do mundo, o empreendimento representa o primeiro projeto green field do setor boliviano em quatro décadas, exigindo três anos de construção e um investimento de 160 milhões de dólares. Financiado principalmente por investidores nacionais, o projeto atraiu interesse imediato, com a venda de títulos na Bolsa Boliviana de Valores em apenas 15 minutos.

LEIA MAIS > A revolução verde dos biocombustíveis: garantindo um futuro sustentável

Panorâmica de caldeiras, chaminés e ventiladores de torres

“Os investidores viram que era um projeto confiável nas mãos de gente com tradição na área agrícola e com conhecimento na área industrial e resolveram apostar”, relata o presidente da companhia, Cristóbal Roda. Em uma década, a Ingenio Aguaí alcançou resultados impressionantes no mercado nacional e internacional.

Lidera a produção de energia elétrica renovável, fornecendo 62%do consumo nacional de energia limpa, e é líder na produção de etanol anidro para mistura com gasolina. Além disso, em 2023 ocupou no primeiro lugar no mercado de açúcar, destacando−se por sua produção única sem enxofre e atingir a produção de 3 milhões de quintais (46 quilos) de açúcar em apenas 7 safras.

A busca incessante pela excelência levou a usina a obter as mais exigentes certificações internacionais, como ISCC, e outras, permitindo−lhe exportar seus produtos para mercados globais. Com uma planta industrial totalmente automatizada, a Ingenio Aguaí ingressou no seleto grupo das indústrias 4.0 do setor sucroenergético, tornando−se a primeira fora do Brasil a adotar tecnologias avançadas de produção e operações inteligentes.

Um dos marcos recentes dessa jornada é a implementação do S PAA, um software de Otimização em Tempo Real (RTO), único no mundo, projetado para usinas de açúcar e etanol. A tecnologia de última geração visa aprimorar a eficiência dos processos e impulsionar a produtividade, integrando inteligência artificial, internet das coisas e técnicas avançadas de produção.

LEIA MAIS > Aprovação do Combustível do Futuro na Câmara é ‘passo decisivo rumo à bioeconomia’

Centro Integrado de Operações (COI) de onde são controladas e dirigidas todas as operações da planta industrial

“Essa tecnologia nos ajuda a ser mais eficientes em nossos processos e mais produtivos nos resultados. Mais uma vez, a Aguaí está na vanguarda das mudanças tecnológicas, buscando não só a otimização de nossos recursos e a eficiência dos processos, mas para que toda a cadeia produtiva seja automatizada com melhores resultados”, afirma Roda.

Além de investir em tecnologia, a Ingenio Aguaí está comprometida com a expansão e otimização de sua infraestrutura. Em 2022, a usina instalou uma nova caldeira que aumenta significativamente sua capacidade de produção de vapor, com capacidade de 65TVH (toneladas de vapor por hora), pressão de 65 bar e praticamente duplica a produção de vapor.

Em 2024, inicia−se uma última ampliação, colocando uma moenda na frente do difusor hidráulico. Todas essas iniciativas são dirigidas pelo gerente industrial, Pedro Collegari.

LEIA MAIS > Campanha “Movido pelo Agro” pretende reduzir emissão de gases do efeito estufa

Aguaí conta com instalações tecnológicas de última geração

A instalação da nova caldeira a vapor é a continuação de uma série de investimentos que a empresa vem fazendo desde 2015, refletindo seu compromisso contínuo com a inovação e a eficiência operacional. Começou com a ampliação da usina de açúcar; posteriormente, foi instalada uma usina de desidratação para produção de álcool anidro, cuja destinação é o programa de biocombustível com a estatal YPFB.

A Aguaí também liderou a entrada da Bolívia no Programa de Biocombustíveis, negociando com o governo a Lei de Biocombustíveis, que, hoje, permite a mistura do etanol à gasolina boliviana.

Em seguida, em 2019, concluiu a construção e comissionamento da subestação elétrica para fornecer energia elétrica excedente ao Sistema Interligado Nacional. Hoje, fornece 62% da energia renovável consumida pelo país e uma economia considerável de mais de 130 mil tCO² de gases de efeito estufa, colocando−se mais uma vez à frente das indústrias com menor impacto ambiental.

LEIA MAIS > Delta Energia abre vagas de emprego na Usina de Biodiesel de Cuiabá

Se compararmos os números da Aguaí em relação às demais usinas do país, podemos concluir que na safra 2022, a usina ocupou o segundo lugar na moagem de cana com 19,40% de participação; o primeiro lugar na produção de açúcar com uma participação de 16,97% e o segundo lugar em etanol com uma participação de 24,87%.

Ao observar a evolução de 8 safras, incluindo também a safra 2020, nota se que, nesta última safra, foi alcançado um crescimento próximo de10% na cana moída, constatando−se um aumento significativo na produção de açúcar, que cresceu 25%, superando três milhões de quintais (sacas de 47 kg) nas últimas safras.

É importante destacar o grau de flexibilidade que Aguaí possui, diferentemente de outras usinas, para poder destinar sua produção ao açúcar ou ao etanol e ajustar rapidamente às mudanças do mercado.

LEIA MAIS > Nissan inicia testes com sistema estacionário de geração de energia movido a bioetanol

Cristóbal Roda, Presidente do Conselho de Administração da Aguaí e Pedro Collegari, Gerente Industrial

Carbonatação

A planta nasceu como destilaria, mas a necessidade do mercado levou à construção da fábrica de açúcar já na terceira safra. Com o início da produção açucareira em 2015, surgiu a ideia e o desejo de fazer algo ousado e diferente para chamar a atenção: ser a primeira e única fábrica da Bolívia (e da América Latina) a fazer açúcar refinado sem utilizar o enxofre em seu processo de branqueamento, utilizando o processo de carbonatação, assim como o fazem os países da Europa, Estados Unidos e alguns na Ásia.

O engenheiro boliviano Luis Caballero Barba, idealizador do projeto e responsável pela construção da planta, explicou que o açúcar sem enxofre da Aguaí tem um processo de fabricação diferente do existente nas usinas da América Latina.

Para clarear o açúcar, ao invés de utilizarem o processo de sulfitação com uso de enxofre, optaram pela carbonatação que utiliza o dióxido de carbono que é emitido no processo de fermentação. O resultado deste processo é um produto com características especiais: um açúcar mais branco, mais saudável pela ausência de enxofre e mais doce, portanto, mais econômico para uso doméstico e industrial.

LEIA MAIS > Sebrae Minas inova com frota movida a etanol para reduzir emissões de gases de efeito estufa

A planta industrial de Aguaí tem sido descrita como uma das mais belas do mundo pela sua modularidade, design e conforto para os trabalhadores

O modelo Aguaí foi concebido como sustentável e, de respeito ao meio ambiente e com a profunda convicção de utilizar a melhor tecnologia do setor para otimizar recursos, aproveitar os avanços e a experiência de outras empresas desenvolvidas no Brasil e em outros países.

Com um modelo de negócio sustentável e voltado para o futuro, a Ingenio Aguaí se destaca como um exemplo de sucesso na indústria sucroenergética.

Sua abordagem inovadora e seu compromisso com a sustentabilidade ambiental e a excelência operacional garantem sua posição como líder do setor, conquistando reconhecimento nacional e internacional, incluindo o prestigioso prêmio de “Sugar Mill of theYear” na premiação MasterCana Award, por duas vezes consecutivas (2017 e 2023).

Está é a matéria de capa da edição de fevereiro/março do JornalCana. Para ler, clique aqui.

Banner Revistas Mobile