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Inflação em SP já reflete desaquecimento

A taxa de inflação já reflete a desaceleração da economia. A pouca pressão da demanda por bens e produtos, provocada pela reduzida atividade da economia e pela oferta menor de crédito no mercado, forçou a queda dos chamados “preços livres” em novembro, conforme dados apurados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Os preços livres -que incluem alimentos, artigos de higiene, de limpeza, eletroeletrônicos etc.- tiveram queda generalizada, derrubando a taxa de inflação do mês passado para 0,29% na cidade de São Paulo, local de maior peso na apuração do IPCA, principal índice de inflação do país, medido pelo IBGE. A taxa surpreendeu o mercado e a própria Fipe, que esperava 0,50%. A queda em novembro fez a Fipe rever, pela primeira vez, a taxa de inflação do ano. Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor, diz que ela ficará em 4,50%, contra os 5% previstos antes.

Ao analisar o recuo da inflação e do PIB, Picchetti afirma que “não dá para deixar de considerar que essa queda nos preços livres é o outro lado da moeda da queda no nível de atividade, cuja extensão conhecemos na semana passada”.

O IBGE divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) teve queda de 1,2% no terceiro trimestre deste ano em relação ao segundo, período em que o ritmo de atividade tinha crescido 1,1%.

Picchetti diz que os artigos de higiene e beleza, os primeiros que os consumidores deixam de consumir em períodos de renda curta, recuaram 0,72% no mês passado. Em outubro, subiram 1,1%.

As quedas se estenderam para aparelhos de imagem e som (1,91%), com destaque para as TVs, que recuaram 3,31% no período. Picchetti destaca, ainda, as quedas nos preços de geladeira (0,84%), freezer (1,24%) e forno de microondas (1,17%).

O acompanhamento médio dos preços industriais mostra a forte desaceleração atual do setor. Em setembro, esse grupo registrou alta de 0,46%, de acordo com a Fipe. Em outubro, a alta foi de 0,26%. No mês passado, houve queda de 0,05%.

Dois outros itens que confirmam que a renda dos consumidores perde fôlego são as vendas de remédios e de combustíveis. Os remédios mantiveram queda de preços pelo segundo mês consecutivo. Já os combustíveis, mesmo com o reajuste para a gasolina, estão em queda devido à concorrência dos postos para manter participação nas vendas. A gasolina caiu 0,63% no mês passado.

Os preços do álcool, que subiram 13% em outubro, já mostravam recuo de 1% nos valores médios na quarta semana de novembro em relação aos do mesmo período de outubro.

Picchetti diz que a queda dos preços ocorre porque os ganhos de renda já são pequenos para os trabalhadores. Se as reposições salariais vindas dos dissídios e da recuperação do trabalho continuam, o mesmo não ocorre com a oferta de crédito, que mostra sinais de esgotamento.

O economista da Fipe diz que agora é hora de pagar os empréstimos tomados nos meses anteriores, o que diminuiu ainda mais o poder de compra dos consumidores. Com renda menor, os gastos também são menores no dia-a-dia. Picchetti destaca, ainda, os efeitos da crise no setor agrícola, que afeta o comércio e os preços industriais. Descapitalizados, devido aos elevados custos de produção e perda de renda nas vendas dos produtos, os agricultores pararam de comprar e cooperaram para a derrubada dos preços.

A Fipe diz, no entanto, que, mesmo com esse efeito negativo da contração da economia, é preciso cautela ao analisar esses dados. “Não está claro que, se houvesse mais inflação, a atividade econômica teria crescimento maior no médio e longo prazos”, diz Picchetti.

No mês

A inflação de novembro medida pela Fipe foi determinada por batata e tomate, produtos que tiveram as maiores altas do índice: 48,6% e 43,1%. Só esses dois produtos geraram inflação de 0,17%. Ou seja, sem essas duas altas, a taxa de inflação teria despencado para 0,12%.

A inflação acumulada deste ano é de 4,22% e, nos últimos 12 meses, de 4,92%. Para chegar aos 4,50% da nova previsão da Fipe, a inflação deste mês não poderá superar 0,27%.

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