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Infinity Bio-Energy pede recuperação judicial

A Infinity Bio-Energy, criada há pouco mais de três anos pela empresa americana de investimentos Kidd & Company e pela consultoria brasileira Worldinvest, ingressou ontem com pedido de recuperação judicial na Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca da Capital paulista.

Após investir cerca de US$ 500 milhões e hoje contar com cinco usinas sucroalcooleiras no país (quatro em operação e uma em manutenção), a empresa, em dificuldades financeiras desde o ano passado, acumulou dívidas da ordem de R$ 1 bilhão e travou. Protegida dos credores pelo pedido de recuperação, continuará operando, mas para superar a crise considera vender ativos e/ou se associar a outros investidores ou usinas.

Segundo Sérgio Thompson-Flores, CEO da Infinity, a empresa é hoje controlada por grandes f undos de investimentos americanos e europeus. A empresa conta, no total, com cerca de uma centena de acionistas, e a participação dos dez maiores alcança entre 60% e 65%. Individualmente, o maior sócio tem fatia de 18%, conforme o executivo.

Thompson-Flores informa que a dívida listada no pedido de recuperação judicial é dividida em três partes mais ou menos iguais. Cerca de 35% dela é dívida conversível em ações, e o restante é dividido entre bancos, fornecedores e os donos originais das unidades adquiridas nos últimos anos. Como não poderia deixar de ser, já que pretende seguir operando, a maior preocupação da empresa é com seus fornecedores de cana.

” Estamos mantendo um diálogo intenso com os fornecedores de cana. Há pagamentos atrasados. Temos uma relação simbiótica com eles, e juntos vamos construir uma saída ” , acredita o executivo. Com unidades em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo, a Infinity tem capacidade para processar mais de 6 milhões de toneladas de cana.

Cerca de 45% desse volume está em terras da empresa; os demais 55% são entregues por fornecedores independentes, a maior parte deles de pequeno porte. Das dívidas com fornecedores, parte é com empresa de equipamentos. A ironia é que a Infinity credita boa parcela de suas dificuldades ao atraso na entrega de equipamentos, que, de acordo com Thompson-Flores, conteve o ritmo de expansão.

Mas o CEO elege a crise financeira global como o principal fator para a derrocada. Ele lembra que a empresa planejou, no início de 2008, uma oferta pública de US$ 300 milhões para ser realizada entre os meses de maio e junho do mesmo ano, mas que, naquele momento, o cenário global já começava a virar e o mercado internacional mostrou-se fechado a novas captações.

” Fomos pegos no contra-pé. Se soubéssemos o que viria, teríamos programado um ritmo menor de expansão ” , disse ele. Thompson-Flores também observou que, apesar da atual valorização das cotações internacionais do açúcar, os preços do etanol estão há quase três anos em baixo patamar. ” Se pudéssemos voltar atrás… ” . Apesar da conjuntura, o executivo afirma que já há grupos interessados em adquirir ativos da Infinity.

A empresa decidiu entrar com pedido de recuperação judicial assessorada pelo escritório de advocacia Felsberg e Associados e pela Íntegra Associados, companhia que participa de diversos processos semelhantes. Pela lei que regula as recuperações – o pedido da Infinity ainda tem de ser deferido -, a empresa fica protegida de ações e execuções por 180 dias.

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