Apesar das condições climáticas adversas na safra 2024/25, as usinas sucroenergéticas do estado de Goiás registraram um processamento de 34 milhões toneladas de cana-de-açúcar até a primeira quinzena de julho, um aumento de 8% em comparação ao mesmo período do ciclo anterior. Foram produzidos 1.638 m3 do biocombustível hidratado, volume 14,3% superior ao da safra passada, e 549 mil m3 de etanol anidro.
A produção de açúcar somou 1.107 milhões de toneladas, crescimento de 9,5% em relação ao período anterior.
Em reunião com os associados do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol de Goiás (Sifaeg) na última sexta-feira (2), o CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, analisou os dados: “O acentuado crescimento do etanol de milho, 51% maior, com volume de 280 mil m3, é fruto de investimentos realizados nas usinas de cana, que agora produzem também etanol de milho”.
Ono também destacou que diferentemente de outros estados, os produtores de Goiás mostram-se otimistas apesar das adversidades climáticas, e continuam a acreditar que a moagem deste ciclo será equivalente à do ano passado. Goiás faz parte da região Centro-Sul, onde a previsão para a colheita é de cerca de 615 milhões de toneladas na atual safra, contra a colheita recorde de 654 milhões de toneladas da safra passada. As condições climáticas, com longo período de estiagem e temperaturas atípicas, devem afetar a produtividade, cuja retração será mais acentuada nos cortes de agosto em diante.
Na reunião, o aumento de vendas de álcool hidratado em Goiás e Distrito Federal no primeiro semestre foi destacado. “Pelos dados da Agência Nacional de Petróleo – ANP, Goiás teve um total de 1.721 m3 vendidos, 44% a mais do que em igual período da safra 2023/24, e o Distrito Federal com crescimento das vendas de 230%, ficando entre os estados com maior crescimento percentual de vendas do Brasil”, afirmou o CEO da SCA Brasil.
O Distrito Federal, que sempre teve o etanol hidratado entre os mais caros do Brasil, agora mostra elevada competividade. Hoje o DF está com 68% de paridade em relação ao preço da gasolina, com diferença superior a R$ 2,00 entre os dois produtos.
“O etanol está com preços melhores do que na safra passada, ainda assim, estamos cerca de 30% abaixo dos preços alcançados no açúcar, o que explica a maior alocação de sacarose para a cristalização”, destacou Ono.
Ono voltou a demonstrar preocupação em relação ao RenovaBio, especialmente sobre as distribuidoras que continuam a desafiar a ANP, insistindo em não adquirir os CBios previstos. “Há grande preocupação em relação à quantidade de distribuidoras que, ano após ano, utilizam recursos jurídicos para não atender as metas do RenovaBio”, reiterou.
Os projetos e regulações de biocombustíveis que se encontram no Congresso, como a Reforma Tributária, o Paten e o Combustível do Futuro, foram elencados como temas que exigem acompanhamento do setor e a defesa de seus interesses.