A CelOCE (do inglês, Cellulose Oxidative Cleaving Enzyme) é o nome de enzima descoberta em solo brasileiro que melhora a eficiência na transformação de biomassa de cana em glicose, matéria-prima essencial para a produção de etanol e bioquímicos.
Essa descoberta, publicada na revista Nature, foi desenvolvida por pesquisadores do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), em Campinas (SP), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisa para Agricultura, Alimentos e Meio Ambiente da França (INRAE), Universidade Aix Marseille e Universidade Técnica da Dinamarca (DTU).
A CelOCE, que foi tema de recente conteúdo no Jornal Nacional, permite ampliar a produção de etanol no país em 16 bilhões de litros.
É praticamente metade da produção nacional do biocombustível, que, segundo levantamento da Unica, somou 32,4 bilhões de litros até o fim de dezembro de 2024.
JornalCana apresenta a seguir 7 destaques da tecnologia a partir do texto apresentado pelo Jornal Nacional e de material divulgado pelo CNPEM.
- 1 – Mais etanol graças a CelOCE: essa enzima ajuda no processo de quebra da celulose e na transformação do bagaço de cana em glicose, matéria-prima para a produção de energia. Com a mesma quantidade de bagaço, se consegue extrair mais etanol com menos desperdício.
- 2 – Ganho incremental: “A gente encontrou uma bactéria muito capaz de desconstruir o bagaço. A última grande revolução na área permitia um aumento de eficiência em torno de 10%. E essa descoberta da enzima da biodiversidade, ela permite o dobro do ganho incremental. Quer dizer que ao invés de 10%, 20% a mais de eficiência. Então, isso é realmente uma nova grande revolução”, afirma Mário Murakami, pesquisador do CNPEM.
- 3 – Outros biocombustíveis: a descoberta dos pesquisadores do CNPEM permite aumentar a produção de etanol e de outros biocombustíveis gerados pela palha de milho e até lascas de eucalipto.
- 4 – Potencial biotecnológico: a descoberta tem um potencial biotecnológico que transcende uma das grandes revoluções na área ocorrida há mais de 20 anos, que foi a descoberta da química oxidativa para a desconstrução de biomassa vegetal. Além de desafiar paradigmas científicos sobre como microrganismos degradam a celulose, a descoberta também contribui para a transição de uma economia de base petroquímica para biológica, que privilegie matérias-primas renováveis e sustentáveis e gere, por exemplo, soluções energéticas mais limpas e renováveis.
- 5 – Novos usos futuros: além disso, por constituir uma estrutura minimalista com apenas 115 aminoácidos, a substância abre perspectivas de novos usos futuros ou mesmo de desenvolvimento de enzimas sintéticas, com aplicações inclusive em reaproveitamento de resíduos plásticos.
- 6 – Quando deve entrar no mercado: o uso no setor produtivo pode começar entre um e quatro anos após o licenciamento, dependendo da tecnologia aplicada em seu desenvolvimento.
- 7 – Patente: o CNPEM já pediu o registro de patente e testou em uma mini usina o coquetel que aumenta a produção de etanol. Agora, pretende desenvolver o projeto em larga escala.