Indústria

Este homem quer comprar vinhaça de usinas

Piazza Júnior:  projeto  não gerará risco aos investidores e nem à usina
Piazza Júnior: projeto não gerará risco aos investidores e nem à usina

Walter Fernando Piazza Júnior é presidente da GasBrasiliano, distribuidora de gás natural da Petrobras em  municípios do interior do estado de São Paulo.

E quer comprar biometano, gás processado a partir da vinhaça de cana-de-açúcar, a ser empregado como combustível no gasoduto da companhia.

Na entrevista a seguir, Piazza Júnior conta quanto paga pelo metro cúbico do biometano e quantas usinas estão na mira da GasBrasiliano. 

Portal JornalCana – No fim de agosto, a GasBrasiliano assinou o primeiro contrato de compra de gás biometano com uma usina de cana-de-açúcar do País, a Malosso, de Itápolis (SP). Para a GasBrasiliano, comprar um gás desse significa maior redução de custos?

Walter Piazza Júnior – Não. Pagamos o mesmo preço [em torno de R$ 0,90 pelo metro cúbico, depois vendido por pouco mais de R$ 1 ao consumidor]. O que é importante é que mais gás renovável, que me dá mais vantagem na rede de gasoduto. Mais rede terei de fazer, mais consumidores irei captar. Trabalho pelo lado da receita, e não pelo lado do custo.

Por que?

Walter Piazza Júnior – Imagina uma usina de cana aqui próxima de São José do Rio Preto (SP), onde a GasBrasiliano ainda não tem rede. Dali [para obter o biometano da usina] sairei com nova rede, e terei mais uma fonte de suprimento de gás natural, no caso do biometano, ao lado do consumidor.

Leia mais: Biometano é novo negócio para as usinas. Saiba mais

Este projeto de biometano de usina de cana-de-açúcar é inédito?

Walter Piazza Júnior – No Brasil, sim. No mundo, não. A Alemanha já trabalha com essa tecnologia de injeção de biometano nas redes de distribuição.

Com a compra de biometano de cana-de-açúcar, aliviará o caixa da GasBrasiliano, que importa gás natural da Bolívia? 

Walter Piazza Júnior – À medida que esse projeto cresça, teremos a substituição do [gás importado] por gás nacional, renovável, ou seja, trazemos receita para as usinas da região. Além de solução ambiental, a sociedade ganha com o renovável, e isso irá alavancar muitos negócios. Trazemos muito mais solução para as usinas, e para o estado de São Paulo, e para a sociedade. Por isso colocamos isso como uma solução.

Quantas usinas de cana estão instaladas próximas à rede de distribuição da GasBrasiliano, sem que seja necessário implantar ramais?

Walter Piazza Júnior – A área da rede, instalada entre os municípios paulistas de Valparaíso a São Carlos, é profícua em usinas de cana. Hoje temos pelo menos umas 50 usinas não bem ao lado, mas a 6 km da rede, que consideramos factíveis. 28022013133446img_artigo_gas_tecnologia

Como está o contrato com a usina Malosso?

Walter Piazza Júnior – O fornecimento de biometano será estartado em 2017, e deverá atingir o pico em 2018. Serão 25 mil metros cúbicos por dia.

Já há outras usinas em negociação?

Walter Piazza Júnior – Outras três usinas estão em negociação. Não posso citar os nomes, mas uma delas irá fornecer até mais que a Malosso.

Como funciona esse negócio?

Walter Piazza Júnior – A GasBrasiliano entra como compradora do gás. Ela não é produtora, não faz a biodigestão. Ela recebe o gás purificado. No caso da Usina Malosso, são três empresas: uma especialista em construção, outra em biodigestão. Eles é que vão aportar a tecnologia. A usina cede o espaço e entra com a vinhaça.

Como é o contrato?

Walter Piazza Júnior – Meu contrato é com o fornecedor de gás, que pode ser a usina. Vale por cinco anos, a princípio.

Como é regulado o preço?

Walter Piazza Júnior – Hoje [26/08/2015], o preço faz paridade com o gás natural produzido no país. Varia em R$ 0,90 o metro cúbico. É uma referência. O preço do gás varia com o petróleo e com o dólar. O preço do gás é parametrizado pelo petróleo e pelo dólar.