Entrou em vigor em 1º de agosto a decisão do Comitê Nacional de Política Energética (CNPE) que eleva de 27% para 30% (E30) a mistura obrigatória do etanol anidro na gasolina, o que deve gerar um impacto positivo relevante no mercado de biocombustíveis.
Segundo dados do Relatório elaborado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), com realização da BIOIND MT – Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso, a mudança pode acrescentar até 1,4 bilhão de litros à demanda por etanol anidro em uma safra completa com a nova proporção.
A medida tende a beneficiar principalmente as usinas de etanol de milho, que operam com maior eficiência industrial e contam com ampla oferta de matéria-prima no Centro-Oeste.
No setor canavieiro, o impacto deve ser mais limitado, devido à estabilidade da produção e à antecipação das exportações de açúcar a preços já fixados por boa parte das usinas.
“A elevação da mistura sinaliza uma valorização importante do etanol anidro e coloca o biocombustível no centro da política energética brasileira. Mato Grosso, como maior produtor de etanol de milho do país, deve ter papel estratégico nesse novo cenário”, avalia Giuseppe Lobo, diretor executivo da BIOIND MT.
O aumento da mistura ocorre em um momento de mudança no perfil de consumo. De janeiro a maio deste ano, o etanol hidratado recuou 2,28%, enquanto a gasolina C avançou 3,25%, segundo dados da ANP. No total, o consumo dos combustíveis do ciclo Otto foi de 27,34 milhões de m³ — alta de 1,39% frente ao mesmo período de 2024. Esse movimento reforça a importância estratégica do etanol anidro, cuja participação tende a crescer com a nova regra.
Estimativa de Produção de Etanol no Brasil
A produção de etanol no Brasil deve alcançar 38 milhões de m³ na safra 2025/26, sendo 14,82 milhões de m³ de etanol anidro (+7,7% em relação à safra anterior) e 23,19 milhões de m³ de hidratado (mesmo nível em relação à safra 2024/25). Desde a safra 2017/18, o volume de anidro cresceu mais de 50%, refletindo sua crescente importância no abastecimento nacional e nas políticas de transição energética.
Detalhes da Produção de Etanol
Etanol de milho
A produção de etanol de milho chegou a 482,18 mil m³ no mês, enquanto a cana-de-açúcar respondeu por 152,98 mil m³. A moagem de milho totalizou 1,10 milhão de toneladas, e os coprodutos apresentaram alta: 231,42 mil toneladas de DDG/DDGS e 25,50 mil toneladas de óleo de milho. Já o açúcar, derivado da cana, somou 77,10 mil toneladas no período.
Etanol de cana-de-açúcar
Embora o milho concentre a maior parte da produção, a cana-de-açúcar segue com papel complementar na matriz energética do estado. Na safra 2025/26, a produção de etanol a partir da cana está estimada em 1,05 milhão de m³, volume semelhante ao do ciclo anterior.
Já o etanol de milho alcançará 5,98 milhões de m³, mantendo Mato Grosso como o maior produtor nacional do biocombustível a partir do grão. A combinação das duas rotas tecnológicas garante resiliência à indústria, ao mesmo tempo em que amplia a oferta de energia renovável com alta eficiência.
Sobre a BIOIND MT
A BIOIND MT representa 12 indústrias de bioenergia de Mato Grosso, atuando na produção de açúcar, etanol, biogás, biometano e energia de biomassa. Fundado em 1985, tem como missão fortalecer a competitividade do setor com responsabilidade ambiental, social e econômica. A entidade promove políticas de investimento, acompanha dados de mercado e incentiva o crescimento sustentável da bioindústria. O Brasil é um dos maiores produtores de etanol, e seu uso pode reduzir em até 61% as emissões de gases de efeito estufa.