Imagem: Vicente Cornetta/Divulgação
Imagem: Vicente Cornetta/Divulgação

Qual é o ritmo de procura de orçamentos de serviços e equipamentos para usinas na entressafra, que no caso de algumas unidades começou em outubro?

Para saber a resposta, o JornalCana contatou a equipe do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CEISE Br).

Saiba a seguir como deve ficar o ritmo de prestação de serviços das fornecedoras do setor associadas à entidade:

A entressafra, que para muitas usinas começou ainda em outubro, fica maior e já aquece também o número de orçamentos das unidades para reformas?

CEISE Br: “As consultas de orçamento começaram mais cedo, mas o movimento ainda é pontual. O setor vive um cenário mais conservador devido à quebra de safra e à queda nos preços do açúcar e etanol.

Em média, o volume de orçamentos está semelhante ao da última entressafra, com pequenas variações positivas em alguns segmentos específicos — algo próximo de até 10% em relação ao mesmo período do ano passado.”

As decisões de investir estão mais conservadoras?

CEISE Br: “O setor atravessa um momento de cautela em função de fatores conjunturais: a seca que afetou a produtividade da cana, a quebra de safra em diversas regiões e a retração nos preços do açúcar e do etanol impactaram a geração de caixa das usinas. Esses elementos levam a uma postura mais conservadora nas decisões de investimento e manutenção.

Em termos gerais, o volume de orçamentos permanece em patamar semelhante ao da última entressafra. Há casos pontuais de crescimento, especialmente em empresas voltadas à eficiência de processos e aumento de capacidade, mas o avanço médio dificilmente supera 10% em relação ao mesmo período do ano anterior.”

No geral, qual deve ser o ritmo de negócios para o ecossistema de prestadores de serviços do setor ligados ao CEISE Br?

CEISE Br: “O comportamento do mercado neste ciclo aponta para estabilidade. A entressafra mais longa, por si só, não necessariamente se traduz em aumento de demanda.

A dinâmica de contratação hoje está fortemente atrelada à rentabilidade das unidades produtoras.

Com os preços dos produtos ainda pressionados, muitas empresas adotam o chamado ‘feijão com arroz’: manutenção essencial, priorização de segurança operacional e investimentos pontuais em ganhos de produtividade.

A projeção do CEISE Br, com base nas informações recebidas de suas associadas, é de que o ecossistema industrial e de serviços mantenha desempenho próximo ao da última entressafra, com variações positivas limitadas, entre 10% e 15%, em segmentos mais especializados ou que ofereçam soluções de maior retorno operacional.”

Rosana Amadeu, presidente do CEISE Br

“Cenário é de cautela e estabilidade”

“Cenário é de cautela e estabilidade”

Rosana Amadeu, presidente do CEISE Br: “Com base nas respostas dos associados consultados, entendemos que o cenário é de cautela e estabilidade, com poucos sinais concretos de crescimento. Há percepções pontuais de aumento de orçamentos, mas o sentimento predominante é de manutenção ou leve contração dos volumes de pedidos e investimentos, impactados por fatores climáticos e econômicos”.

Panorama do Setor Sucroenergético

Qual o número atual de empresas prestadoras de serviços para o setor ligadas aos CEISE Br?

CEISE Br: “A entidade é uma das mais importantes representativas da cadeia produtiva da bioenergia no Brasil. Com mais de 45 anos de atuação e sede em Sertãozinho/SP – principal polo tecnológico e industrial do setor, se consolidou como referência na articulação de políticas públicas e no fortalecimento da indústria de base nacional.

Sua missão é defender os interesses das empresas fornecedoras de equipamentos, tecnologias, insumos e serviços especializados, promovendo um ambiente de negócios sustentável, inovador e competitivo.

Dados recentes do Mapeamento da Cadeia Produtiva de Equipamentos para Fabricação de Biocombustíveis e Bioenergias mostram que:

A Cadeia Produtiva Local (CPL) Bioenergia reúne 18,6 mil empresas em Sertãozinho e 15 municípios do entorno – Barrinha, Brodowski, Cravinhos, Dumont, Guariba, Jaboticabal, Luís Antônio, Matão, Pontal, Ribeirão Preto, Jardinópolis, Pitangueiras, Serrana, Pradópolis e Viradouro – que, juntas, faturaram R$ 37,1 bilhões em 2024 e empregam mais de 105 mil trabalhadores, com massa salarial de R$ 4,1 bilhões.

Os salários médios são 20,4% superiores aos da média regional e a escolaridade da força de trabalho é 12% mais alta, sinalizando maior qualificação técnica.

  • INDÚSTRIA (total):
  • Empresas: 1.892
  • Funcionários: 31.179
  • Faturamento: R$ 23.3 bilhões
  • Máquinas e Equipamentos:
  • Empresas: 1.630
  • Funcionários: 27.592
  • Faturamento: R$ 24,35 bilhões
  • Metalurgia e Siderurgia:
  • Empresas: 262
  • Funcionários: 3.587
  • Faturamento: R$ 965 milhões
  • SERVIÇOS (total):
  • Empresas: 16.772
  • Funcionários: 73.892
  • Faturamento: R$ 11.8 bilhões
  • Montagem e Manutenção:
  • Empresas: 4.747
  • Funcionários: 22.314
  • Faturamento: R$ 3,96 bilhões
  • Logística:
  • Empresas: 3.495
  • Funcionários: 25.720
  • Faturamento: R$ 3,88 bilhões
  • Tecnologia:
  • Empresas: 1.816
  • Funcionários: 8.158
  • Faturamento: R$ 1,67 bilhão
  • Consultoria:
  • Empresas: 4.317
  • Funcionários: 6.365
  • Faturamento: R$ 900 milhões
  • Distribuição e Comercialização:
  • Empresas: 567
  • Funcionários: 5.037
  • Faturamento: R$ 590 milhões
  • Engenharia:
  • Empresas: 1.196
  • Funcionários: 3.559
  • Faturamento: R$ 390 milhões

Segundo a assessoria do CEISE Br, as informações integram estudo realizado pela consultoria Markestrat com fomento da Cadeia Produtiva Local – CPL Bioenergia, cuja governança é liderada pelo CEISE Br.

Delcy Mac Cruz

Editor

Editor do JornalCana

Editor do JornalCana