A secretária de Energia dos Estados Unidos, Jennifer Granholm, disse na sexta-feira (23), durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, que a transição para uma economia mais limpa e menos nociva para o meio ambiente, representa uma oportunidade de negócios que deve movimentar US$ 23 trilhões até 2030.
Para se beneficiar desse mercado que, segundo a secretária, representa uma grande oportunidade para a geração de “milhões e milhões de empregos”, será necessário muito investimento em inovações tecnológicas, visando principalmente fontes de energia limpa, bem como em uma mudança de pensamentos, de forma a “aumentar ambições coletivas” e a “repensar a resistência que temos à mudança”.
A cúpula antecede a 26ª Conferência sobre o Clima, a COP26, a ser realizada em novembro em Glasgow, na Escócia. Um dos principais objetivos é impedir a elevação da temperatura média do planeta acima de 1,5 grau neste século.
“Precisamos, sem medo, buscar inovações para baixar os custos de baterias e para comercializar captura de carbono, dando condições ao chamado mercado verde e azul (referência às florestas e aos oceanos). Provavelmente muitos de nós precisamos repensar a resistência que temos à mudança, uma vez que estamos presos a um status quo”, disse a secretária, segundo a Agência Brasil.
Jennifer Granholm acrescentou que as ações visando uma economia mais limpa representam grandes oportunidades para aqueles que aceitarem esse desafio. “Estamos olhando para um mercado global de, no mínimo, US$ 23 trilhões, com a transição verde até 2030. Isso significa que poderemos refazer a economia, criar novos negócios, e colocar milhões e milhões de pessoas para trabalhar”, disse em meio a vários acenos de que o governo dos EUA anunciará diversas ações que favorecerão investimentos para reduzir custos no setor de energia limpa, bem como para tornar cada vez mais barato o uso de veículos movidos por esse tipo de energia.
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“Os EUA já tiveram como objetivo chegar à Lua, onde já fincamos nossa bandeira. Agora escolhemos ter como objetivo o de resolver a crise climática. Imaginem o que podemos fazer nessa década e imaginem o que podemos fazer com a participação conjunta de todo o planeta”, afirmou.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu aos países que trabalhem juntos em uma transição para a energia limpa. “Nações que trabalham juntas para investir em uma economia mais limpa colherão as recompensas para seus cidadãos”, disse.
Biden convocou a reunião com dezenas de chefes de Estado para declarar a volta dos EUA à mesa da liderança climática depois de seu antecessor, Donald Trump, retirar o país do Acordo de Paris, que visa a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Ele, que reintegrou os EUA ao pacto, anunciou na quinta-feira (22) uma nova meta de redução de emissões de 50%-52% até 2030 em comparação com os níveis de 2005. O Japão e o Canadá também elevaram suas metas. O presidente afirmou ter se animado com o apelo do presidente russo, Vladimir Putin, para que o mundo colabore na remoção avançada do dióxido de carbono e que os EUA esperam trabalhar com a Rússia e outros países em tecnologia.
Já o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu, na quinta-feira (22), a alcançar, até 2050, a neutralidade zero de emissões de gases de efeito estufa no país, antecipando em dez anos a sinalização anterior, prevista no Acordo de Paris. “Entre as medidas necessárias para tanto, destaco aqui o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030, com a plena e pronta aplicação do nosso Código Florestal. Com isso, reduziremos em quase 50% nossas emissões até essa data”, disse
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De acordo com Bolsonaro, “como detentor da maior biodiversidade do planeta e potência agroambiental”, nos últimos 15 anos o Brasil evitou a emissão de mais de 7,8 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.
Durante seu discurso, além de definir metas e compromissos, o presidente apontou as iniciativas realizadas pelo Brasil para a preservação do meio ambiente, como projetos nas áreas de geração de energia limpa e de desenvolvimento tecnológico na agricultura.
“Contamos com uma das matrizes energéticas mais limpas, com renovados investimentos em energia solar, eólica, hidráulica e biomassa. Somos pioneiros na difusão de biocombustíveis renováveis, como o etanol, fundamentais para a despoluição de nossos centros urbanos. No campo, promovemos uma revolução verde a partir da ciência e inovação. Produzimos mais utilizando menos recursos, o que faz da nossa agricultura uma das mais sustentáveis do planeta. Temos orgulho de conservar 84% de nosso bioma amazônico e 12% da água doce da Terra”, ressaltou.
O presidente reforçou ainda que o Brasil participou com menos de 1% das emissões históricas de gases de efeito estufa, mesmo sendo uma das maiores economias do mundo e no presente, o país responde por menos de 3% das emissões globais anuais.
Ele reforçou ainda que, para alcançar as metas de desmatamento, é preciso, além de medidas de ações e controle, promover o desenvolvimento sustentável da região amazônica, que, segundo ele, é a mais rica do país em recursos naturais, mas que apresenta os piores índices de desenvolvimento humano.
“Devemos aprimorar a governança da terra, bem como tornar realidade a bioeconomia, valorizando efetivamente a floresta e a biodiversidade. Esse deve ser um esforço que contemple os interesses de todos os brasileiros, inclusive indígenas e comunidades tradicionais”, argumentou.
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Bolsonaro disse ainda que é fundamental contar com os recursos financeiros de países, empresas, entidades e pessoas “dispostos a atuar de maneira imediata, real e construtiva na solução desses problemas”.
“Os mercados de carbono são cruciais como fonte de recursos e investimentos para impulsionar a ação climática, tanto na área florestal quanto em outros relevantes setores da economia, como indústria, geração de energia e manejo de resíduos. Da mesma forma, é preciso haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas ao planeta, como forma de reconhecer o caráter econômico das atividades de conservação”, concluiu.