Em um cenário de escassez de água nas usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste/Centro-Oeste do país, as usinas de cogeração a biomassa têm capacidade de gerar uma produção adicional de energia a curto prazo que vai além dos contratos vigentes nos mercados regulado e livre.
Só neste ano, a biomassa conseguiria atingir um total de 1.800 GWh de energia adicional, a partir de julho. Em 2022, este número pode chegar a 3.500 GWh. As estimativas são de levantamento realizado em conjunto pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) e a União da Indústria da Cana de Açúcar (UNICA).
O estudo aponta que essa energia adicional pode vir de pelo menos 100 empreendimentos. “Só em 2022, poderíamos gerar o equivalente e a um hidrelétrica de 800 MW em capacidade instalada”, explica o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte.
“A complementariedade às hidrelétricas é justamente uma das características da cogeração movida a bagaço da cana. A produção das usinas ocorre justamente no chamado período seco das hidrelétricas, entre abril e novembro. Nesses meses, quando as hidrelétricas não conseguem armazenar água, é justamente quando as usinas a biomassa atingem o pico de sua produção”, destaca o presidente da Cogen.
“É válido lembrar que a cogeração a biomassa de cana-de-açúcar tem contribuído para uma economia de 15 pontos percentuais no nível dos reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que representa o principal mercado consumidor do país”, ressalta Leonardo Caio Filho, diretor de Tecnologia e Regulação da Cogen.
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Em diálogo com o governo, a Cogen e a UNICA prepararam um estudo sobre como o setor de biomassa poderia contribuir para elevar a oferta energética e mitigar as dificuldades do País com a falta de chuvas, que reduz a capacidade de geração hidrelétrica. A sondagem foi feita com algumas das principais usinas de cana-de-açúcar, que responderam se teriam condições de ampliar a oferta no atual cenário de escassez de energia hídrica.
Status da cogeração no Brasil
No país, a cogeração conta com 627 usinas com 19,01 GW de capacidade instalada — o que corresponde a mais de 10,8% matriz elétrica brasileira (175,7 GW) e equivale a 1,36 usinas hidrelétricas de Itaipu (14 GW).
Deste total, 62,4% representam a cogeração a partir do bagaço da cana-de açúcar. Já cogeração movida a gás natural ocupa uma fatia de 16,6%. Em terceiro, com 14%, está o licor negro (subproduto do processo de tratamento químico da indústria de papel e celulose). Outras fontes completam o quadro.
A cogeração em operação comercial no Brasil teve um incremento de 115,3 MW de fevereiro maio de 2021, entre novas usinas e ampliações de capacidade instaladas. No ranking por unidades da federação, o Estado de São Paulo lidera a lista com 249 usinas e 6.940 MW instalados, perfazendo 36% do total nacional.
Em segundo está o Mato Grosso do Sul, com 28 usinas e 1.891 MW instalados, correspondendo a 9,4% do país. Entre os cinco setores industriais que mais usam a cogeração estão o Sucroenergético (11.893 MW), Papel e Celulose (2.515 MW), Petroquímico (2.275 MW), Madeireiro (766 MW) e Alimentos e Bebidas (624 MW).