O bagaço e palha da cana-de-açúcar foram os principais combustíveis na geração de bioeletricidade para a rede no país no ano de 2023, representando uma oferta de 20.973 GWh. O crescimento foi de 14% em relação ao ano anterior. A informação é resultado do boletim apresentado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), com base em dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Segundo Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da UNICA, esse avanço na geração sucroenergética foi muito bem-vindo para o sistema elétrico brasileiro. De acordo com o executivo, esses quase 21 mil GWh foram equivalentes a atender 4% do consumo nacional de energia elétrica em 2023 ou 10,8 milhões de unidades consumidoras residenciais.
“Além disso, seriam equivalentes a 25% da geração de energia elétrica pela Usina Itaipu e a evitar as emissões de CO2 estimadas em 4,3 milhões de toneladas, marca que somente seria atingida com o cultivo de 30 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos”, avalia Souza.
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Bagaço e palha representam quase 75% da bioeletricidade para a rede no país
Em 2023, a produção de bioeletricidade para a rede, com o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, representaram quase 75% de toda a geração de bioeletricidade para a rede no país, que foi de 28.137 GWh.
Outro ponto importante é essa geração ser caracterizada como não intermitente e predominar no período seco do sistema elétrico, acompanhando principalmente o período de colheita da cana-de-açúcar na Região Centro-Sul do país. Dessa forma, essa geração acaba coincidindo também com o período seco e crítico no setor elétrico brasileiro, que vai de maio a novembro a cada ano.
Segundo a Associação, os 20.973 GWh ofertados à rede pelo setor sucroenergético, no ano passado, representaram termos poupado 14 pontos percentuais da capacidade total de energia armazenada na forma de água nos reservatórios das hidrelétricas do submercado Sudeste/Centro-Oeste, por conta da maior previsibilidade e disponibilidade da bioeletricidade justamente no período seco e crítico para o setor elétrico brasileiro.
De acordo com Zilmar, assim que a safra se inicia, a geração de bioeletricidade começa em uma oferta contínua para o sistema até o fim da moagem, entregando uma energia de fonte renovável, firme (não-intermitente), que evita emissões e que está próxima dos centros consumidores, minimizando perdas na transmissão, ajudando o operador do sistema na garantia do suprimento energético ao país.
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2024 será um ano de acréscimo de capacidade instalada bem acima da média para a biomassa
O boletim da UNICA termina mostrando que, para o ano de 2024, a previsão da Aneel é que a fonte biomassa em geral atinja um acréscimo de 1.155 MW, o maior valor desde 2013, com a instalação de 24 usinas geradoras, sendo que uma já entrou em operação em fevereiro (31 MW) e as 23 usinas restantes têm viabilidade alta de entrada em operação comercial neste ano.
Em 2024, a maioria das 23 usinas que entrarão em operação comercial neste ano, totalizando 1.124 MW, terão resíduos agroindustriais como combustíveis principais (categorizados como bagaço/palha de cana, biogás, capim elefante e casca de arroz).
Serão 16 usinas usando resíduos agroindustriais (seis em São Paulo, quatro em Goiás, duas em Minas Gerais e uma unidade nos Estados da Bahia, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Roraima). As demais unidades geradoras terão como combustível principal biomassa florestal (cinco usinas), biocombustíveis líquidos (uma usina) e resíduos sólidos urbanos – RSU (uma usina).
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Em 2024, prevê-se que a biomassa represente 11% do acréscimo de capacidade instalada no país. Em volume, o recorde de acréscimo anual pela biomassa foi em 2010 (1.750 MW), seguido do ano de 2013 (1.431 MW) e 2009 que acaba empatando com o ano de 2024 (1.155 MW).
Avaliando desde 2007 até 2025, o setor sucroenergético deve atingir a marca de 14.100 MW novos instalados no setor elétrico brasileiro. “Isto é equivale a uma Usina Itaipu instalada nesse período pela indústria canavieira. Itaipu tem 14 mil MW. É um marco significativo para o setor sucroenergético e para essa energia não intermitente e renovável, tão importante para a segurança energética do país”, conclui Souza.