Açúcar e etanol

Desvalorização do Real, tornam as exportações de açúcar mais atrativas

Confira a análise mensal do CEPEA/ESALQ sobre o alimento

Desvalorização do Real, tornam as exportações de açúcar mais atrativas

Com os avanços da colheita e moagem de cana-de-açúcar da safra 2024/25, a produção do açúcar cristal branco do estado de São Paulo aumentou em junho, elevando a oferta no mercado spot, sobretudo do Icumsa 180. Ainda assim, os preços se mantiveram firmes na segunda e terceira semanas do mês, sustentados pela desvalorização do Real frente ao dólar, que torna as exportações mais atrativas conforme informações da análise mensal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

De acordo com o documento, no encerramento de junho, a menor demanda pressionou as cotações. Agentes de indústrias alimentícias relataram que as vendas para o varejo estiveram fracas, de forma que o açúcar recebido por meio de contratos foi suficiente para manter a produção, não sendo necessárias compras adicionais do spot.

No acumulado de junho, o Indicador do açúcar cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) caiu 2,17%, fechando a R$ 132,86/saca de 50 kg no dia 28. A média mensal foi de R$ 135,73/sc de 50 kg, baixa de 2,33% em relação à de maio/24 (R$ 138,98 /sc) e de 6,39 % frente à de junho/2(R$ 144,99/sc de 50 kg), em termos nominais.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA), na primeira quinzena de junho, as unidades produtoras da região Centro-Sul processaram 49 milhões de toneladas de cana, aumento de 20,48% (40,67 milhões) frente ao mesmo período da safra 2023/24.

No acumulado da temporada 2024/25 (até 16 de junho), a moagem atingiu 189,46 milhões de toneladas, ante 167,29 milhões de toneladas em igual intervalo do ciclo anterior, ou seja, crescimento de 13,25%. A produção de açúcar na segunda quinzena de junho totalizou 3,12 milhões de toneladas, 20,48% a mais que no mesmo período de 2023/24 (2,56 milhões de toneladas). No acumulado do início da safra a 16 de junho, o volume de adoçante produzido atingiu 10,95 milhões de toneladas, contra 9,57 milhões de toneladas do ciclo anterior (+14,42%).

No Nordeste, o mercado spot de açúcar apresentou ritmo lento de negócios em junho, com preços em queda. Quanto à demanda, alguns compradores da região continuaram adquirindo o produto do Centro-Sul, principalmente de Goiás, face à menor oferta nos estados nordestinos.

Em junho/24, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ para Pernambuco foi de R$ 171,76/sc de 50 kg, baixa de 1,33% frente a maio/24, mas alta de 4,8% em relação a junho/23, em termos nominais.

Em Alagoas, o Indicador foi de R$ 170,90/sc em junho/24, queda de 3,18% na comparação mensal, mas aumento de 6,39% na anual, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 157,88/sc, recuo de 3,39% em relação a maio/24 e ligeira alta de 0,17% sobre junho/23.

Em Pernambuco, a expectativa da Associação dos Fornecedores de Cana do Estado de Pernambuco (AFCP) é que a nova safra (2024/25) seja uma das melhores da história, favorecida pelas chuvas regulares e bem distribuídas na zona canavieira do estado, que vêm resultando em lavouras excelentes quanto à sanidade e em produtividade elevada.

No mercado internacional, os preços do açúcar demerara seguiram em alta na maior parte de junho, refletindo, entre outros fatores, expectativas de menor produtividade dos canaviais no segundo semestre de 2024 e para a próxima temporada (2025/26), devido ao longo período de seca no Centro-Sul do Brasil.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o fenômeno La Niña, que costuma trazer menor quantidade de chuvas às regiões Sul e Centro-Sul do país, deverá se iniciar no segundo semestre, intensificando-se a partir de agosto. Informações de que a Índia deverá exportar menos açúcar reforçaram o impulso sobre as cotações internacionais.

Segundo o site de análise de commodities Barchart, o governo indiano continua comprometido em aumentar a mistura de etanol com gasolina. Um incremento na produção de etanol da Índia reduzirá o volume de açúcar do país, restringindo a disponibilidade para exportação e afetando negativamente a oferta global. Além disso, uma agência agrícola relatou o aparecimento de uma doença fúngica chamada “podridão vermelha” na cana-de-açúcar no estado de Uttar Pradesh, importante região produtora do país.

A Índia deve continuar a restringir as exportações de açúcar, caso avancem os problemas de produtividade dos canaviais do país, o que pode, por sua vez, estender o período de afastamento do mercado global de adoçante. Cálculos do Cepea indicaram que em junho/24, as vendas externas do açúcar remuneraram, em média, 0,52% a mais que as internas.

Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Julho/24 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICEFutures), prêmio de qualidade estimado em US$ 106,92/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 59,33/tonelada.

Fonte: Cepea-Esalq/USP