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Indianos investem R$ 1 bilhão no açúcar mineiro

Em setembro, empresários indianos estarão em Belo Horizonte para firmar contratos de financiamento das lavouras de cana-de-açúcar por pelo menos cinco anos na região do Triângulo Mineiro. “São recursos de mais de US$ 1 bilhão para o plantio e colheita da cana”, informou o cônsul da Índia em Minas Gerais, Élson Barros Gomes Júnior.

O encontro no Consulado da Índia, na capital mineira, é a continuação de um negócio que já gerou aumento em 62,3% das exportações de açúcar de Minas Gerais para a Índia nos três primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2008. Do Estado, foram enviadas 325 mil toneladas de um açúcar escuro, do tipo VHP (parecido com o mascavo), que é refinado na Índia para a manutenção dos empregos naquele país.

“Vai ser surpreendente”, avisou o cônsul sobre o volume de açúcar export! ado nos próximos meses e os reflexos para a balança comercial de Minas Gerais. O valor na exportação do produto alcançou US$ 94,8 milhões no primeiro trimestre para o Estado.

Com problemas climáticos e uma população de 1,1 bilhão de habitantes, de maior produtor e exportador de açúcar do mundo, a Índia virou importador. “O próprio governo indiano e cerca de 12 empresas privadas estão comprando o açúcar das usinas de Uberaba, Ituiutaba, Frutal e Canápolis com pagamento antecipado”, informou o cônsul Élson Barros.

A operação deu a Minas Gerais o título de segundo exportador nacional de açúcar enquanto a Índia viu sua safra de cana cair, em 2008, de 28,4 milhões de toneladas para 26,5 milhões este ano.

Além disso, o consumo interno aumentou em mais de 1 milhão de toneladas. “Isso fez o preço do açúcar subir no mercado internacional. A Índia deixou de exportar para países vizinhos e o quilo de açúcar para a população está custando US$ 0,40 enquanto no ano passado er! a US$ 0,35 o quilo”, contou.

Com 100 milhões de milionários e 400 milhões de miseráveis, não importa a situação econômica, o indiano gosta muito de doces na sobremesa para equilibrar o paladar após refeições com muitas especiarias condimentadas e para oferendas às divindades. “O ‘gulade jamum’ é o doce mais popular. Uma bola com leite e calda de açúcar”, explicou.

Diante desse cenário, a produção de açúcar deve se tornar, nos próximos anos, o novo ouro das Gerais. Mas a Índia também tem interesse na importação de etanol, manganês, cobre e autopeças. “O etanol (álcool anidro) hoje é de 5% na gasolina. Eles querem chegar a 25%, mas não têm terra suficiente para produção”, acrescentou o cônsul.

Élson Barros, que intermediou toda a negociação, acredita que a Índia ainda vai depender do Brasil em toda a cadeia de agronegócios. “Eles vão importar leite, lentilha, leguminosas, e triturar soja para exportar o óleo da soja”, previu.

Migração

Produção de álcool perde lugar

A migração crescente da produção de açúcar em detrimento do álcool é evidente. “Ano passado nós produzimos 38% da cana para açúcar e 62% para o álcool. Este ano, é 41% açúcar e 59% álcool”, admitiu o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais (Siamig). Luiz Custódio Mattos.

Em 2009, a produção de açúcar atingiu 2,8 milhões toneladas, volume maior que os 2,2 milhões de açúcar em 2008, em Minas Gerais. Mesmo assim, Mattos descarta a possibilidade de diminuição do combustível ao consumidor. “A safra de álcool hidratado em 2008 foi de 2,1 bilhões de litros, em 2009 foi de 2,4 bilhões de litros”, informou sobre mais um resultado recorde na história do setor sucroalcooleiro em Minas Gerais.

Mercado interno. Diante da crescente demanda de açúcar pelos indianos, o presidente do Siamig não vê problemas no abastecimento do mercado interno. “O Brasil não tem clien! te de açúcar, quem dá o destino do açúcar são as tradings”, explicou sobre os grandes compradores.

Para Mattos, o açúcar de Minas Gerais foi desviado para a Índia, mas pode ser que daqui a três meses vá para a Rússia. Ainda há indefinições. Com a crise mundial, ele informou que 16 projetos de novas usinas continuam adiados no Estado. (HL)

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