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Índia quer evitar disputa com o Brasil na OMC por causa de subsídio a açúcar

A Índia quer evitar uma disputa comercial com o Brasil por causa de subsídios que Nova Déli decidiu dar aos produtores de açúcar. A medida, estabelecida em outubro do ano passado, é vista como uma maneira de a Índia estimular as exportações para reduzir os estoques locais e não estaria em conformidade com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O ministro indiano de comércio, Kamal Nath, disse ao Valor que pretende explicar ao ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que “não se trata de subsídio, mas de uma ajuda para o transporte”. Os dois diplomatas têm encontro marcado no próximo sábado, em Davos. Ele disse que Amorim já levantou o problema numa reunião entre ambos, e está agora com uma equipe preparada para “convencer” Amorim da legalidade da medida indiana.

Ele argumentou que não tem sentido o Brasil e a Índia, líderes do G-20, grupo de países em desenvolvimento na OMC, se enfrentarem em uma disputa custosa na OMC. “Com o Brasil, vamos sempre resolver bilateralmente”, insistiu Nath.

Austrália e Tailândia, outros grandes exportadores, já pediram à OMC para exigir detalhes do programa indiano de subsídios. A Única, entidade que representa produtores paulistas do setor, também acionou o governo brasileiro para pressionar os indianos.

Ao mesmo tempo, o ambiente entre investidores se transformou nas ultimas semanas, segundo o “Financial Times”, com a alta dos preços do açúcar, que atingiram o nível mais elevado em 17 meses. A explicação de bancos de investimentos, como o Morgan Stanley , é que, no médio prazo, o preço pode aumentar 50% por causa de menor produção de de países exportadores, como Brasil, Índia e Tailândia.

A reunião de Nath com Amorim ocorrerá em Davos à margem do Fórum Mundial de Economia. Vários ministros vão se reunir para discutir “procedimentos” para tentar dar uma sobrevida à Rodada Doha. Mas Nath deu o tom ontem: “Vamos discutir o que dizer este ano, e repetir ano que vem”. Ou seja, com os EUA entrando em recessão, a possibilidade de acordo global de liberalização comercial está praticamente enterrado para o futuro próximo.

Em compensação, Nath acredita que até 2010 a Índia e o Mercosul devem concluir um acordo substancial de livre comércio.

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