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Índia entra no rol das prioridades da indústria

Os negócios entre empresas do Brasil e da Índia começam rapidamente a sair do papel. Empreiteiras brasileiras estão interessadas em participar de pelo menos um dos cinco megaprojetos indianos de hidroelétricas e Ratan Tata, presidente do Tata Group, segundo maior conglomerado daquele país, deve vir ao Brasil este mês para prospectar negócios.

Além disso, a unidade da Tata com a gaúcha Marcopolo, uma das maiores fabricantes de carrocerias do mundo, tem início de produção previsto para o próximo ano e deve faturar US$ 400 milhões até 2014. A fábrica fica na Índia.

Em energia a Índia é um mercado mais do que atraente. Calcula-se que os megaprojetos daquele país exigirão investimentos de US$ 400 bilhões nos próximos quatro anos, dos quais as empreiteiras brasileiras poderão ficar com US$ 12 bilhões, pelos cálculos dos especialistas (ver detalhes em texto abaixo nesta página).

Ainda não há confirmação dos nomes das empreiteiras interessadas nos projetos hidroelétricos indianos, mas há três interessadas. No mercado, acredita-se que as candidatas são Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

O Tata Group, conglomerado formado por 96 companhias que atua em 40 países em sete setores que incluem de hotéis a veículos, passando por softwares e siderurgia, mantém interesse em ampliar presença no País, onde já atua na área de tecnologia da informação. O faturamento global da companhia supera US$ 18 bilhões.

O grupo chegou a cogitar de produzir um carro popular no Brasil, mas por enquanto este plano está adiado. Ratan Tata, que esteve no País várias vezes em visitas de negócios, no entanto, demonstra interesse em siderurgia e enxerga no minério de ferro o principal elo da cadeia do setor, segundo informou à McKinsey, uma das maiores consultorias do mundo.

“Opep do minério”

“Procuramos oportunidades para investir em produtoras de aço”, afirmou Tata. “No entanto, temos de nos assegurar sobre o acesso seguro às matérias-primas do setor. Eu realmente acredito que os produtores de minério de ferro vão dar as cartas nesse setor. Eles serão a Opep da indústria de aço”. O Brasil é forte em minério de ferro, com companhias do porte da Companhia Vale do Rio Doce e da Companhia Siderúrgica Nacional.

Quanto ao setor de veículos, Ratan Tata informou que o grupo busca oportunidades para fabricar picapes e até carros de passeio. O Brasil é alvo de estudos da companhia nesse setor.

A Tata tem acordo com a Iveco para produzir motores para picapes que serão montadas na Argentina. Segundo o presidente do grupo, há interesse também “em veículos relacionados a biocombustível”.

Com estratégia do grupo, a grande aposta continua a ser em carros baratos, produzidos, a princípio, na Índia: “Estamos produzindo um carro (o Indica) de US$ 7 mil (cerca de R$ 14 mil), mas estamos pensando também em um veículo de US$ 2.200, menor e a ser produzido em grandes volumes, com todas as autopeças de grande volume fabricadas em uma unidade. Queremos também usar mais plásticos no corpo desse veículo e numa operação de montagem de custo muito baixo”.

Na base da pirâmide

O grupo, que completa 140 anos em 2008, continua a prospectar negócios no Brasil. A filosofia da corporação, segundo Ratan Tata, “é liderar, não apenas seguir o que outros fazem, e temos de correr mais riscos. Um dos pontos mais importantes de nossa atuação é atuar na parte maior da pirâmide de renda [ou seja, com as camadas de menor poder aquisitivo]”. Com esse foco, o Brasil oferece mais um ponto de atração para o grupo indiano.

A China, por enquanto, ainda não está incluída nos projetos do conglomerado. “Ainda não achamos o que poderemos fazer com chineses”, diz Ratan. “É muito difícil entender aquele mercado. Eu realmente não entendo o mercado chinês. Temos um acordo de cooperação com uma companhia de carros da China para produzir nosso carro com a marca deles, mas não temos observado muita ação do lado deles.”

Ratan Tata, que completa 70 anos no dia 28 de dezembro, é formado em arquitetura pela Cornell University e completou o Programa de Gerenciamento Avançado na Harvard Business School. Está no grupo desde 1962 e chefia a Comissão de Investimentos do governo indiano. Também faz parte dos conselhos da Mitsubishi e do J.P. Morgan.

Projeto com a Marcopolo

A associação da Tata Motors com a Marcopolo na Índia é para montagem e comercialização de ônibus. A companhia indiana detém 51% da parceria, com o restante de propriedade da brasileira. A previsão de inauguração da planta é para meados de 2008, ano em que as empresas já projetam faturar US$ 72 milhões. Em 2012 este valor deverá chegar próximo dos US$ 400 milhões, segundo informações da Marcopolo. O investimento foi de US$ 13,3 milhões.

Atualmente a Tata tem 49% do mercado interno de ônibus da Índia, que alcançou 52,5 mil unidades no ano passado. A produção da empresa chegou a 25,5 mil veículos. No entanto, a montadora produz apenas os chassis. A Marcopolo será, portanto, a responsável pela produção das carrocerias destes ônibus, assim como faz em Caxias do Sul (RS).

A associação entre as duas empresas pode explorar também o sistema de transporte de ônibus rápido. E a intenção é abastecer também o mercado externo, não se limitando à Índia.

Os negócios entre empresas do Brasil e da Índia começam rapidamente a sair do papel. Empreiteiras brasileiras estão interessadas em participar de pelo menos um dos cinco megaprojetos indianos de hidroelétricas e Ratan Tata, presidente do Tata Group, segundo maior conglomerado daquele país, deve vir novamente ao Brasil este mês para prospectar negócios. Além disso, a unidade da Tata em associação com a gaúcha Marcopolo, uma das maiores fabricantes de carrocerias do mundo, tem início de produção previsto para o próximo ano e deve faturar US$ 400 milhões até 2014. A fábrica fica na Índia.

Ratan Tata ainda busca opções para ampliar negócios no Brasil, mas diz que a estratégia global do grupo inclui investimentos em aço. “No entanto, temos de nos assegurar sobre o acesso seguro às matérias-primas do setor. Acredito que os produtores de minério de ferro vão dar as cartas nesse setor. Eles serão a Opep da indústria de aço.”

Em energia a Índia é um mercado mais do que atraente. Calcula-se que os megaprojetos daquele país exigirão investimentos de US$ 400 bilhões nos próximos quatro anos. Há interesse de pelo menos três grandes empreiteiras brasileiras nesses projetos. Uma das vantagens que elas enxergam é o acordo de tributação entre os dois países. Para os especialistas, os projetos de energia que serão tocados na Índia têm potencial de gerar US$ 8,4 bilhões para empresas brasileiras.

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