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INCAPACIDADE

A crise deflagrada pela dupla populista Chaves-Morales foi uma tragédia fartamente anunciada, mas pegou de surpresa o governo brasileiro. Pior foi a acusação de sermos imperialistas, quando já investimos pesadamente para viabilizar o projeto de exploração. E, até o último arranque nos preços do petróleo, os valores pagos pelo gás boliviano eram bem superiores aos do mercado mundial.

Impressiona nossa incapacidade de realizar planejamento estratégico, de prevenir e se antecipar às crises. O governo acentuou o problema e continua a rejeitar o risco do apagão elétrico, com probabilidade crescente a partir de 2009. Só começou a se preocupar com planejamento para o setor no ano passado, mas insiste em um modelo longe de ser o melhor para alternativas, como o biodiesel, e estimula energias alternativas caras (eólica). Além disso, esvazia as agências reguladoras e confunde o marco regulatório, ao propor legislação estatizante e anticoncorrencial. Pior: amplia a carga tributária e os encargos setoriais surrealistas. Defendemos uma política energética clara, que defina o papel da energia adicional de origem hidráulica como preferencial e a térmica como complementar; que estimule a eficiência energética e a eliminação de desperdícios; que reconheça a finitude das reservas fósseis e que o mundo já vive em um patamar de preços mais elevado.

Finalmente, precisamos desmitificar a questão do meio ambiente, que trava e encarece desnecessariamente a ampliação da oferta. Um projeto hidráulico com responsabilidade social freqüentemente causa menos danos ecológicos do que o uso de usinas térmicas a óleo combustível ou a carvão. Hidroelétricas bem concebidas podem conviver harmonicamente com o meio ambiente, sim.

CARLOS FREDERICO HACKEROTT e PEDRO ANDRÉA KREPEL são diretores da divisão de energia do Depto. de Infra-Estrutura Industrial da Fiesp.

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