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Importação acelera ritmo em maio

O resultado do comércio exterior em maio confirmou as tendências apontadas pelos analistas, de um saldo positivo, neste ano, maior que o do ano passado. Apesar da cotação do dólar abaixo de R$ 2,50 durante o mês, as exportações chegaram ao recorde de US$ 9,8 bilhões, em grande parte sustentadas pela manutenção de vendas de manufaturados, como automóveis, e pelo aumento dos preços internacionais de commodities, como o ferro. As importações também chegaram ao recorde de US$ 6,4 bilhões. O saldo da balança comercial, de US$ 3,45 bilhões, foi o quarto maior da história e também recorde para os meses de maio.

“Pela primeira vez na história, as exportações estão na faixa dos US$ 10 bilhões mensais”, comemorou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho. Os recordes contam só uma parte do que vem acontecendo com a balança comercial: está caindo o ritmo de aumento das exportações e crescendo o das importações.

As compras externas estão mais fortes em setores vinculados ao investimento e ao aumento de produção, o de máquinas e equipamentos para a indústria e o de insumos e bens intermediários. O valor das exportações diárias de maio, em média, é 23,6% maior que o de maio do ano passado. Em abril, o aumento havia sido de 39,6%. As importações, por dia, em média, aumentaram 31,8% no mês passado, em relação a maio de 2004. Em abril o aumento havia sido de 15%.

Em abril a maioria dos analistas havia refeito as previsões de superávit comercial em 2005 para um valor superior aos US$ 33,7 milhões do ano passado. A Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) calcula que o saldo poderá chegar a US$ 39 bilhões. Os resultados de maio confirmam as previsões revisadas e já existem consultores, como a MS Consult, que apontam um saldo de US$ 38 bilhões para este ano. Até mesmo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que garante estar assistindo a uma estagnação do crescimento das exportações, porque seus dados “dessazonalizados” apontam a manutenção dos valores de exportação desde o início do ano, prevê saldo elevado, de US$ 32 bilhões.

A LCA Consultores também endossa a avaliação de que o desconto de fatores sazonais e a comparação do comportamento das exportações em períodos mais curtos de tempo mostram uma pequena queda no volume de exportações, principalmente, porém, devido à retenção dos embarques de soja. A consultoria afirma que houve “perda de dinamismo” nas exportações, o que a levou a baixar a projeção de superávit, de US$ 35 bilhões para US$ 34,5 bilhões, ainda bem acima de 2004. “Há indicações de desaceleração nas vendas de manufaturados; as taxas de crescimento estão menores que na virada do ano”, concorda o economista da Funcex Fernando Ribeiro.

Para o secretário Ivan Ramalho não se pode ainda falar de prejuízos às exportações provocados pelo câmbio, porque as vendas externas cresceram em todas as categorias. Em comparação com maio de 2004, a média diária de vendas de semimanufaturados cresceu 31% (algumas bem mais que isso, como as de açúcar, 253%, e ferro fundido, 153%). A de manufaturados, quase 25%. E a de produtos básicos aumentou 16,7%, com 104% de aumento para minério de ferro e 20,5% para a carne de frango.

Caíram, em maio, porém, as vendas de soja em grão (28,6%), farelo de soja (17,2%) e aviões (41,6%), comportamento que pode se modificar nos próximos meses. A manutenção do aquecimento no mercado externo, não prevista pelos analistas, explicaria, segundo alguns consultores, a persistência da alta nas exportações, contrariamente às expectativas no fim de 2004.

Para alguns especialistas, como Jorge Simino, da MS Consult, boa parte do bom desempenho exportador se deve aos aumentos de preços internacionais de produtos como ferro e alumínio. O bom desempenho das vendas de produtos com preços externos estáveis, como os de automóveis, se explicaria pela decisão tomada no passado por multinacionais de transformar o Brasil em plataforma de exportação.

Para garantir os ganhos de escala e compensar o fraco mercado interno, as montadoras instaladas no país continuariam aumentando as vendas para o exterior. O risco, na indústria automotiva, é a compressão das exportações, quando o mercado interno se recuperar, comenta Ribeiro, que teme também a paralisação dos investimentos destinados ao aumento de exportações. “O efeito do câmbio sobre a balança comercial vai aparecer em 2006”, diz Ribeiro.

Um fato notável nas importações, em maio, é o maior crescimento das compras, no exterior, de máquinas e equipamentos destinados a investimentos da indústria, os chamados bens de capital, e das matérias primas e outros insumos. O aumento nessas importações ficou em torno de 20% em abril, e, no mês passado, ultrapassou 30% (33% para os bens de capital, 30,1% para matérias-primas e bens intermediários).

O aumento nas compras de bens de consumo, em relação a 2004, foi de 16,5%, limitado principalmente pela queda nas compras de automóveis, de 11%. O percentual esconde a pressão sobre alguns setores: o aumento nas importações de alguns produtos é vigoroso, como no caso de vestuário (69%), produtos alimentícios (43,6%), máquinas e aparelhos de uso doméstico (38%) e objetos de adorno e uso pessoal (36,2%).

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