JornalCana

Histórico da crise no segmento sucroenergético

Vou lhe passar a história por inteiro da crise do setor, do início até os dias de hoje.

Por volta de 2007, havia uma euforia reinante no país, o etanol era a bola da vez, por ser uma energia limpa e renovável, o Brasil era e é, o detentor da maior tecnologia sobre a cana (açúcar e álcool), dispondo dos maiores recursos naturais, de maneira que esse conjunto de coisas fez com que o segmento sucroenergético realmente fosse um dos melhores negócios no mundo.  Nessa época havia (e ainda há) uma estimativa de demanda até o ano 2020, para mais de 100 usinas de grande porte, o que supriria a necessidade de combustível até esse ano.

Paralelamente, com essas usinas produzindo (com autossuficiência) energia termodinâmica, alcançaríamos um acréscimo de energia no país equivalente a mais do que uma Usina de Itaipu. A produção em escala do álcool, otimizaria e baixaria o preço do combustível, e ainda nos tornaríamos o maior exportador desse produto para o mundo. De carona com essa situação, o mercado de trabalho cresceria como nunca antes visto. Veja bem, 100 usinas trariam como consequência, um número muito grande de outras empresas para viabilizá-las e proporcionaria um grande efeito dominó positivo.

Acompanhou até aqui?

Pois bem, com a descoberta do Pré-Sal, “deu uma pane” nas cabeças desses governantes, de maneira que de uma hora para outra, resolveram, sabe-se lá o porquê (na realidade se sabe porquê!), tratar o segmento sucroenergético como vilão. Com medidas extremamente suspeitas, resolveram desestimular o setor, apostando todas as fichas somente no Pré-Sal.

Consequências:

A incompetência na gestão governamental propiciou o ressurgimento do fantasma da inflação, e uma das medidas que resolveram adotar para segurar a tendência inflacionária, foi segurar o preço do combustível. Para tal, importam o produto (gasolina e por incrível que pareça, o próprio álcool) por um preço mais alto e vendem internamente por um preço menor, acarretando em uma concorrência predatória com o etanol nacional, pois obriga as usinas a venderem seus produtos abaixo do preço de produção.

Mas a coisa não para por aí. Se tivéssemos apostado na construção de novas usinas, na cogeração energética e, consequentemente, em uma maior participação da energia gerada através do bagaço de cana em nossa matriz energética, (a energia termodinâmica produzida pela queima do bagaço é autossustentável e ocorre no período de estiagem), hoje não estaríamos com o risco de apagão energético por deficiência de água para abastecer nossas hidrelétricas, e tão pouco pagando esse absurdo pela energia gerada pelas termoelétricas abastecidas por combustível fóssil e carvão da mais baixa qualidade, ambos altamente poluidores.

Esse erro estratégico adotado por nossas autoridades, não só inviabilizou a construção de 100 usinas, como causou o fechamento de 70 usinas enquanto outras 40 entraram em recuperação judicial, além da extinção de mais de 300.000 postos de trabalho entre diretos e indiretos. Em relação aos municípios que dependem do setor sucroenergético a situação é muito grave, pois, além de atrofiar a economia dos mesmos, levou a população a um clima de aflição e desesperança.

Outro fator que vale a pena ressalvar, é que, todas essas medidas infelizes que foram adotadas até o momento tiveram consequências desastrosas. Veja por exemplo, a própria Petrobras, que teve uma queda no ranking das maiores empresas no mundo, passando de 12ª para a 120ª colocada. E o que é pior, com a descoberta e desenvolvimento de novas fontes energéticas e de combustíveis, o preço do petróleo tenderá a baixar, e com isso corre-se o risco de inviabilizar o pré-sal, pois o custo de produção poderá ser maior que o preço de comercialização do produto.

Mas a coisa não para por aí, vocês se lembram de quando o país pagou a dívida externa e nos livramos do FMI? Pois bem, pouco tempo passou dessa alegria, e hoje, apesar de pouco se comentar, o país está em dívidas até o pescoço. Se você pesquisar, constatará que nossa dívida atinge o incrível patamar de 60% de nosso PIB. Mas se serve de consolo, não é só o segmento sucroenergético que está nessa “pindaíba”, pois os outros segmentos também já estão provando desse amargo gosto. Desta maneira não poderíamos ter outro resultado: oficialmente o Brasil já está em recessão. Por falar em recessão, você sabe seu significado? Quem sabe em uma próxima “DICA” nós comentaremos a respeito.

Agora deu para entender o motivo que ocasionou a atual crise que passamos? Mas há luz no fim do túnel, pois até 2020 a demanda por etanol comporta mais 40 usinas sucroenergéticas. Para viabilizar essa mudança de situação, basta apenas bom senso, competência e boa vontade de nossos mandatários. SIMPLES NÉ?! Conscientizar é nosso dever, mas não fiquem pessimistas, pois o segmento sucroenergético é maior que a crise e ainda terá um futuro brilhante. Podem crer!

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