Estudo da consultoria Roland Berger aponta que o Brasil pode se tornar líder mundial na produção e fornecimento de hidrogênio verde com a transição do setor de energia. O país pode chegar a faturar R$ 150 bilhões por ano no mercado de hidrogênio verde com o aumento do aproveitamento do recurso no cenário global, caso o Acordo de Paris seja cumprido conforme o planejado, criando assim um mercado mundial estimado em mais de US$ 1 trilhão em venda direta da molécula.
Embora o estudo possa parecer distante do mercado atual brasileiro, o país já vem investindo no segmento do hidrogênio verde no setor da energia renovável.
No último dia 19, a empresa EDP Brasil fez um evento de lançamento da primeira molécula de hidrogênio verde em grande escala na América Latina, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará. Esse lançamento marcou mais um passo dado pelo país rumo a um mercado global de hidrogênio nos próximos anos.
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Pelo mundo, notícias sobre o hidrogênio verde também só fluem. Por exemplo, em 2023, a Alemanha sediará o primeiro leilão global de Hidrogênio Verde (H2V). Organizado pela H2Global, o certame negociará os produtos derivados do processo de produção do gás hidrogênio, como a amônia verde, metanol verde e combustível de aviação sustentável baseado na eletricidade (na sigla em inglês e-SAF).
A expectativa é que esse primeiro certame movimente interessados em todo o mundo e, como certificadora de Hidrogênio, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) lançou, na última sexta-feira (3), uma carta aberta aos possíveis interessados do mercado brasileiro em participar da operação.
Durante encontro nesta semana, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, destacou o potencial brasileiro para o hidrogênio verde. “Vocês têm muita experiência com energias renováveis e enormes potenciais também através da produção e da exportação de hidrogênio verde e seus respectivos produtos”, afirmou o chefe de governo alemão.
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Em julho de 2021, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou o Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2), cujas diretrizes têm como um dos eixos temáticos a cooperação internacional. Ao longo daquele ano, o MME e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão responsável pela produção de estudos que visam dar suporte ao planejamento energético nacional, participaram de diversas iniciativas de cooperação técnica com a Alemanha para desenvolver o mercado de H2V.
As duas principais iniciativas consistiram no programa H2 Brasil (German / Brazilian Power-to-X Partnership Program) e a força-tarefa de produção, logística e aplicação do H2V. Enquanto o primeiro destinou 34 milhões de euros para fomentar o desenvolvimento de uma economia verde de hidrogênio no Brasil, o segundo reuniu empresas e instituições com experiência em projetos relacionados a H2V para promover estudos e diálogo político entre Brasil e Alemanha.
A partir dos esforços de cooperação entre os dois países, o MME produziu o relatório Mapeamento do Setor de Hidrogênio Brasileiro – Panorama Atual e Potenciais para o Hidrogênio Verde. A conclusão do estudo é que o Brasil deve consolidar uma estratégia nacional para o hidrogênio, contendo um plano de ação concreto para não perder a oportunidade de desenvolvimento econômico sustentável.