O primeiro posto de hidrogênio a partir do etanol do Brasil foi um dos temas apresentados pelo conselheiro em Tecnologia e Transição Energética da SAE BRASIL, Camilo Adas, no painel “Hidrogênio verde via etanol”, realizado na quarta-feira (5), durante o primeiro dia do Congresso da União Nacional da Bioenergia – UDOP.
Também participaram do painel, Aulus Roberto Romão Bineli, diretor de Inovação e Desenvolvimento da Vesta Greentech e Bruno Maier, coordenador de Sustentabilidade da Raízen. O encontro teve como moderador Cid Caldas, coordenador geral de Cana-de-Açúcar do Ministério da Agricultura (MAPA).
O posto de hidrogênio a partir do etanol é um projeto que reúne Shell, Raízen, Hytron, Universidade de São Paulo (USP) e Senai CETIQT, e mais recentemente a Toyota, que investe em plantas dedicadas à produção de hidrogênio a partir do etanol e um posto de abastecimento para ônibus que circula na Cidade Universitária, em São Paulo.
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O acordo prevê a construção de duas plantas capazes de produzir 5 kg/h de hidrogênio e, posteriormente, a implementação de uma unidade 10 vezes maior, de 44,5 kg/h. A proposta é usar o combustível para substituir o diesel em um dos ônibus utilizados pelos estudantes no campus da USP. O veículo será equipado com a tecnologia de célula a combustível.
A produção do hidrogênio verde a partir do etanol poderia ser interiorizada e aproveitada para descarbonizar a indústria local e o transporte pesado. O biocombustível será fornecido pela Raízen e a tecnologia desenvolvida e fabricada pela Hytron, do grupo alemão Neuman & Esser. A Toyota deverá disponibilizar o seu modelo Mirai, movido a célula de combustível, para realização dos testes. Financiado pela Shell Brasil, por meio da cláusula de Pesquisa e Desenvolvimento da ANP, com investimento de aproximadamente R$ 50 milhões, o posto deve entrar em operação ainda neste ano.
Adas informou que o “WETO 2023 Caminho de 1,5°”, relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), pede acréscimos anuais de energia renovável de 1.000 GW até 2030, para manter a meta climática de 1,5° ao alcance.
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O relatório pede maior ambição global na implantação de energia renováveis, possibilitada por: infraestrutura física, políticas e regulamentos e destaca as capacidades institucionais e da força de trabalho.
O relatório posiciona a eletrificação e a eficiência como principais impulsionadores da transição, possibilitados por energia renovável, hidrogênio limpo e biomassa sustentável. O documento aponta que metas de energia renovável mais ambiciosas são necessárias, aumentando significativamente o uso de energias renováveis em setores de uso final.
A discussão foi parte de um dos painéis sobre transição energética, integrante do 16º Congresso Nacional da Bioenergia, da UDOP — União Nacional da Bioenergia, que reuniu cerca de 1,7 mil participantes nesta quarta (5) e quinta-feira (6), no Campus da UNIP, em Araçatuba – SP.
Ao todo participaram cerca de 250 palestrantes, moderadores e debatedores dos principais centros de pesquisa, universidades, unidades produtoras, consultores e empresas do setor bioenergético.