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Heróis usineiros são vilões da inflação

Se não fosse o movimento especulativo dos produtores de álcool — que o presidente Lula chamou recentemente de heróis por causa do bem-sucedido programa do etanol — a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril seria ainda menor. No mês, o consumidor pagou mais caro pelo litro de álcool combustível, cujo preço subiu 7,34%, contra recuo de 0,65% do mês anterior. A gasolina também subiu: 0,66%, já que o combustível vendido nos postos é misturado ao álcool anidro.

— Existe um movimento de especulação de demanda em curso devido ao aquecimento das vendas do álcool aqui e lá fora — avalia a coordenadora do Índice de Preços do IBGE, Eulina Nunes.

Segundo ela, como a safra passada de cana-de-açúcar foi grande, 422,9 milhões de toneladas, não há motivo para esse aumento, ainda que estejamos num período de entressafra.

Apesar do comportamento dos preços do álcool, o IPCA, do IBGE, ficou em 0,25%, abaixo do 0,37% de março. O IPCA é o índice de referência para a meta de inflação do governo. A desaceleração de 0,12 ponto percentual no IPCA de abril foi possível porque os preços dos alimentos ficaram estáveis. O IPCA do mês passado é o mais baixo desde outubro de 2006.

Nos últimos 12 meses, a inflação medida pelo IPCA foi de 3%. É uma variação inferior à meta do governo, que é encerrar 2007 com uma alta de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Tendência de queda nos postos de gasolina Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro, Salomão Quadros, o primeiro sinal de inversão dessa tendência já foi captado na primeira prévia do IGP-M. Nos últimos dez dias de abril, foi registrada uma queda de 0,14% nos preços do álcool no atacado.

Assim como Quadros, a economista chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour, também já está projetando uma queda nos preços do álcool e da gasolina para maio. Suas previsões apontam para um aumento bem menor para maio: 0,40%. Já para junho, quando a safra de cana estará no auge, a queda prevista com o álcool combustível é de 2%.

Os alimentos, que em março foram identificados como vilões da inflação por causa das chuvas, reduziram a pressão no índice. O tradicional prato de arroz com feijão também ficou mais em conta. A queda no preço do arroz foi de 1,13% e no do feijão, de 1,08%. Mas foi a cenoura que registrou a maior queda no índice: 26,32%. Até o tomate, que tinha registrado aumento de 19,95% em março, ficou mais barato. Seu preço caiu 2 4 , 1 2 % .

A tendência é que os preços dos alimentos sigam caindo, já que a safra de grãos deste ano deverá ser 13% superior a do ano passado. A expectativa, portanto, é que a inflação continue registrando queda, já que para maio, ainda que estejam previstos reajustes residuais de cigarro, remédios e tarifa de ônibus em algumas localidades, como em Curitiba, no Paraná, não há previsão de fortes pressões inflacionárias.

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