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Grupo Olho D´Água comemora centenário

Com três unidades, companhia deverá moer nesta 100ª safra, 4,2 milhões de toneladas de cana

Usina Central Olho D’Água, em Pernambuco, foi criada em 1928

O Grupo Olho D’Água está completando 100 anos. O centenário é comemorado a partir da aquisição do Engenho Olho D’Água (PE), em 1920, pelo empresário Artur Tavares de Melo. A partir daí, a companhia iniciou sua rota de expansão, com a criação de novas indústrias e vem se destacando pela atuação no setor sucroenergético, se tornando o maior produtor de açúcar e etanol do Nordeste.

Gilberto Tavares de Melo, neto do fundador e diretor presidente do Grupo Olho D`Água desde 2004, avisa que a escalada não foi simples. Ao falar das dificuldades enfrentadas ao longo desse período, ele cita a crise de 1929, que foi muito impactante e um momento difícil enfrentado pela empresa. Os desafios da 2ª Guerra Mundial e uma seca avassaladora na década de 50, também foram obstáculos a serem enfrentados nestes 100 anos.

Nos últimos tempos, foi a vez do tabelamento de preços dos combustíveis imposto pelo Governo Federal e a falta de uma política pública para o setor sucroenergético, serem o empecilho ao crescimento. Aliado a isso, a irregularidade de chuvas no Nordeste foi mais uma adversidade a ser enfrentada e amenizada com projetos de irrigação, sendo que, atualmente, 60% dos canaviais do grupo são irrigados.

Neste ano, a pandemia da Covid-19 foi outro fato que marcará a história do grupo. Com 7.809 funcionários, foi um desafio manter as atividades, garantindo a segurança de todos, contribuindo ainda com as comunidades das regiões onde atua. Foram implantadas medidas de prevenção ao coronavírus, feitas doação de álcool 70% a funcionários e população e alterações da rotina de trabalho, com segregação dos turnos e home-office, entre outros. O aumento do custo de produção também foi intenso, como exemplo, o preço dos insumos importados impactados pelo câmbio.

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A usina COMVAP, no Piaui, terá produção de açúcar ampliada

Para transpor esses anos, com êxito, foi preciso ter foco, determinação, profissionalismo e seriedade. “O nosso lema é pouca inspiração e muita transpiração”, afirma Melo. E assim, vem ocorrendo desde a criação da companhia, com muito empenho e dedicação de todos os envolvidos.

O Engenho Olho D’Água deu origem à Usina Central Olho D’Água, em 1928. Depois, com a criação do Grupo Tavares de Melo, em 1953, a partir do início das atividades da Maguary, e de novas empresas, a companhia chegou no início dos anos 90, reunindo cinco usinas de cana-de-açúcar e duas indústrias: a Usina Central Olho D’Água (PE); a Usina Estivas (RN) (1969); a Destilaria Giasa (PB) (1974); a Usina Passa Tempo (MS) (1982); a Usina Maracaju (MS) (1985); a Indústria de Embalagens Sacoplast (RN) (1989) e a Indústria de Sandálias Dupé (PE) (1992).

Com a saída do sócio e diretor do Grupo Tavares de Melo, Murilo Tavares de Melo, a companhia ficou somente com a Usina Central Olho D’Água. Sob sua liderança e dos filhos Artur e Gilberto Tavares de Melo, iniciou-se um novo ciclo de crescimento, que deu origem ao Grupo Olho D’Água.

Grupo adquiriu a Usina GIASA, pertencente à Biosev, em 2019

Em 2002, o Grupo adquiriu a Destilaria COMVAP, no Piauí e em 2019, ampliou seu conjunto de usinas ao comprar a Usina GIASA, pertencente à Biosev.

As três usinas da companhia devem processar nesta safra histórica 4,2 milhões de toneladas, produzir 255 mil toneladas de açúcar; 175 milhões de litros de etanol e 195 GWH de energia, volumes que representam cerca de 2% a mais do que os produzidos na temporada passada.

De acordo com o diretor presidente do grupo, no momento, não há planos para novas aquisições. “A nossa prioridade é crescer verticalmente, aumentar a produtividade no campo e na indústria. Hoje ainda temos ociosidade na indústria de 600 mil toneladas de cana-de-açúcar nas três unidades”, explicou. Além disso, a intenção é aumentar a produção da capacidade da fábrica de açúcar da usina do Piauí, passando das 270 toneladas por hora atuais para 400 toneladas por hora. Assim, mais de 60% da matéria-prima será destinada à produção do adoçante.

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Para obter tais resultados, a empresa vem investindo para conseguir mais produtividade, com o objetivo de atingir 10 toneladas de açúcar por hectare. Também investe na renovação dos seus canaviais. No último ano, foram renovados 18% e esse percentual será mantido neste ano. O grupo mantém 48 mil hectares de canaviais próprios que produzem cerca de 2,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

Apesar do momento conturbado pela pandemia da Covid-19, o grupo aproveitou os bons preços do açúcar. Embora não tenham optado por fazer hedge no mercado interno, no externo fixou boa parte do volume.

Vislumbrando o futuro, o empresário tem boas perspectivas sobre o RenovaBio, que dará ao setor um reconhecimento até então desprezado. “O programa é fundamental e ajudará a despoluir o mundo. Estamos sentindo a melhora do ar proporcionada com o isolamento e o baixo uso dos combustíveis fósseis. Estamos virando a bola da vez”, ressaltou.

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Gilberto Tavares de Melo

As três unidades do grupo já contam com a certificação do programa e devem gerar 140 mil CBios. “Ainda não comercializamos os créditos de carbono, pois estamos aguardando melhores preços”, avisou ao comentar os desafios do desenvolvimento do RenovaBio.

Outro fato que vem sendo motivo de preocupação é a tarifação da importação de etanol, principalmente com a postura exigente dos EUA, para manter a cota com alíquota zero. “Os americanos têm que praticar reciprocidade. Não adianta abrir o nosso mercado de etanol e eles ficarem com o mercado fechado de açúcar. O prejuízo não será apenas para os produtores do Nordeste, mas para todo o setor, que será afetado caso a cota seja mantida”, alertou.

Ao ser questionado sobre um conselho para as empresas que querem comemorar o centenário, Melo é categórico. “O nosso setor é muito regulamentado, então os empresários além de cuidar dos detalhes da porteira para dentro, tem que agir no ambiente externo, caso contrário seremos surpreendidos, como com os preços de combustíveis internos não acompanhando o externo durante mais de dez anos”, explicou.

 

 

 

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