O grupo norte-americano Qell Acquisition Corp, com uma aposta bilionária nos veículos movidos a etanol, inicia na América Latina um desafio à eletrificação da indústria automotiva global
Neste mês, a empresa abriu um escritório em São Paulo batizado de Qell Latam Partners, com o objetivo inicial de comprar companhias da cadeia automotiva na América Latina avaliadas entre 500 milhões e 3 bilhões de dólares.
Os sócios no projeto da Qell na América Latina incluem Barry Engle, ex-presidente da GM Internacional; Francisco Valim, ex-presidente de Nextel e Via; e Carlos Zarlenga, que até agosto deste ano era presidente da GM na América do Sul.
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Juntos, eles dividem o diagnóstico de que a América Latina está ficando fora do mapa da próxima geração de investimentos da cadeia automotiva mundial, dado que rupturas provocadas pela rápida migração para os carros elétricos têm levado fabricantes a preferir outras regiões.
Ford, General Motors, Stellantis e outras montadoras gigantes têm anunciado planos ambiciosos para eletrificação parcial ou total de seus modelos na Europa até 2030, na esteira de subsídios de governos que pressionam para redução de emissões de poluentes.
Aqui, porém, essa transição deve se dar de forma bem mais lenta. A estimativa da consultoria McKinsey é de que até 30% da frota no Brasil será de carros elétricos até 2030.
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Para Franscisco Valim, essa redução de investimentos globais na América Latina viabiliza grandes oportunidades para exploração de fortalezas regionais, bem como a valorização da frota de veículos movidos a etanol, ou modelos flex. É certo que essa tecnologia ainda será dominante por muitos anos.
Valim acredita que as montadoras não estão focadas em desenvolver alternativas viáveis com as tecnologias já existentes e de fácil acesso, além de se referir ao investimento total em carros elétricos seja um erro. O executivo considera importante o investimento também em veículos a etanol, buscando formas de minimizar as emissões de gases.
“Estamos em outra condição e não tem ninguém focado em desenvolver veículos com uma tecnologia consagrada que nós já temos. Apostar tudo no elétrico é um erro aqui”, afirmou em entrevista à Reuters.