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Grupo francês aposta em biomassa no País

Sem perspectiva das obras de Angra 3 serem retomadas, a Areva, gigante francês que forneceu os equipamentos para a usina nuclear, começa a atacar outro mercado no Brasil: o de energia alternativa e politicamente correta. A Areva está montando nas cidades de Inácio Martins e Imbituva, interior do Paraná, duas usinas de geração de eletricidade a partir da queima de biomassa. O combustível a ser utilizado nas usinas será serragem e resíduos de madeira proveniente da indústria madeireira na região. São as primeiras usinas movidas a biomassa construídas pela Areva no País. O valor do contrato, que teve intermediação da empresa alemã Münchmeyer Petersen, é de 16,6 milhões.

As usinas gerarão 11,2 MW cada uma e foram encomendadas à Areva pela Winimport S/A, empresa paranaense do ramo de importação e exportação. A Winimport também está estreando no setor de geração e venda de energia alternativa. Queríamos partir para um negócio novo, que não estivesse tão sujeito a oscilações, como variações cambiais, explica Mário Cassemiro Pupulin, presidente da Winimport.

Uma das usinas em construção faz parte do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), da Eletrobrás, que comprará 80% da energia gerada. Essa unidade deve começar a operar em fevereiro do ano que vem.

A outra unidade, prevista para junho, deverá fornecer energia principalmente para as indústrias da região. A energia gerada por cada usina é suficiente para abastecer uma cidade com 50 mil habitantes.

A atuação da Areva nesse novo mercado não significa que a gigante abriu mão da energia nuclear. Há um mês, a presidente mundial do grupo, Anne Lauvergeon, esteve no Brasil, visitou ministros e o canteiro de obras de Angra. Foi um esforço de persuasão para que o governo petista retome a usina, cujos equipamentos já foram comprados e estão estocados nos depósitos da central nuclear. Caso a obra fosse retomada, a Areva faturaria aproximadamente 1 bilhão com o negócio.Dentro do governo, há ferrenhos opositores à idéia, como a própria ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef.

SUSTENTÁVEL Apesar de ser uma das líderes da área de energia nuclear, a Areva está muito comprometida com a energia sustentável, explicou ao Estado o francês Giles David, vice-presidente de Energia Distribuída da Divisão de Sistemas da Areva, em visita recente ao Brasil. As usinas usarão uma fonte de energia 90% renovável.

Além disso, geram novos negócios e criam empregos, uma vez que utilizam matéria-prima que anteriormente seria descartada, disse.

David calcula que o mercado de sistemas para usinas de biomassa renda à Areva

100 milhões por ano, a partir de 2006 – praticamente o dobro dos valores de hoje. O mercado de biomassa é pequeno ainda, mas muito promissor, disse o executivo. Nesse sentido, o Brasil ocupa lugar de destaque na estratégia da empresa, ao lado da Índia e da Europa – basicamente Alemanha, França e Espanha, países que têm investido muito em energia alternativa. O que chama particularmente a atenção da Areva no Brasil é a grande disponibilidade de material combustível para essas usinas, como bagaço de cana.

O grosso do faturamento da Areva ainda se concentra em energia atômica. Da receita total da empresa, de

11,1 bilhões, 61% vem da área nuclear. Apesar dos esforços da empresa em mostrar que se trata de uma tecnologia segura e limpa, a tarefa tem se mostrado desafiadora. As vendas no setor estão estagnadas há algum tempo – o crescimento comparativo entre 2004 e 2003 foi de apenas 0,5%.

Há a perspectiva de melhoria com novos contratos de usinas, mais modernas, fechados na Ásia e Europa (Finlândia). A energia nuclear continua como uma possibilidade realista para a empresa, resumiu David.

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