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Grupo Dedini entra no clube do R$ 1 bilhão e vai abrir capital

Representante da velha guarda industrial brasileira, Dovílio Ometto, 88 anos, decidiu reinventar mais uma vez sua empresa. A Dedini é uma fabricante de fábricas. Constrói as máquinas e os equipamentos usados em usinas de açúcar e álcool, siderúrgicas ou cervejarias.

Assim como quase toda a indústria brasileira de base, a Dedini balançou nos anos 80 e 90.

Mas, desde o início da década, multiplicou suas vendas por seis. Aos 85 anos, a companhia deve faturar mais de R$ 1 bilhão em 2006, resolveu partir para novas tecnologias e se prepara para vender ações e abrir o capital no Novo Mercado da Bolsa de Valores. A abertura de capital é um sonho antigo e que agora será nossa solução. Vamos ter de buscar dinheiro no mercado para ajudar a Dedini a investir no negócio do futuro, bioenergia e hidrogênio, diz Ometto, que comanda o processo de renovação da empresa, que deverá abrir o capital até 2010.

Ometto freqüenta a Dedini há 64 anos. Chegou pelas mãos do sogro, o fundador Mário Dedini. Pegou os recursos do clã Ometto e ampliou sua participação acionária na empresa. A idade avançada o afastou do chão de fábrica, mas não da rotina dos negócios. Preside ainda hoje o conselho de administração e é o principal acionista da empresa.

Ometto decidiu investir R$ 220 milhões na ampliação da produção até 2011, mais do que o dobro do que aplicou nos últimos quatro anos. A Dedini atua em energia, equipamentos e sistemas em aço inoxidável e equipamentos pesados. Mas nenhum tem o dinamismo atual do mercado de açúcar e álcool.

Aliás, usinas sempre foram o ponto de apoio do grupo. Nos piores momentos de nossa história, ainda assim pudemos nos segurar no setor de álcool e açúcar, diz José Luiz Olivério, vice-presidente de operações da Dedini. Crise, aliás, foi algo recorrente entre as indústrias de bens de capital nas décadas de 80 e 90.

Grandes empresas como Cobrasma, Confab e Villares quebraram ou tiveram de ser vendidas a grupo estrangeiros. Poucas indústrias de bens de capital sobraram, como a Bardella e a Jaraguá. A Dedini profissionalizou a gestão, avança rumo à prática de governança corporativa e tem agora um mercado muito favorável. Está num excelente momento, diz Cristian Jaty Silva, vice-presidente comercial da Jaraguá, uma indústria de bens de capital sob encomenda, como a Dedini.

R$ 2 BILHÕES

Os planos da Dedini ficaram mais ambiciosos ao alcançar R$ 1 bilhão em receita. Até 2010, o grupo acha que tem todas as condições de alcançar R$ 2 bilhões. Para isso, a Dedini pretende manter a participação de 50% da fabricação de novas usinas de álcool e açúcar.

Hoje, 356 usinas produzem no Brasil. Outras 35 estão em fase de montagem e mais 31 têm projetos aprovados, mas sem compra de equipamentos.

Além desses, outros 156 projetos circulam no mercado. Boa parte disso vai virar encomenda, diz Olivério.

Empresa vendeu usina para a PDVSA de Chávez

Pouco a pouco, a Dedini começa a ganhar mercado internacional. Nas últimas semanas, pelo menos dois novos contratos ganharam relevância. O primeiro pedido veio da Venezuela. A Petróleos de Venezuela (PDVSA), a jóia da coroa do governo Hugo Chávez, comprou uma usina de álcool da Dedini.

Foi a primeira encomenda de uma usina de álcool feita por um companhia de petróleo no mundo. Nem a Petrobrás foi tão longe. Segundo José Luiz Olivério, vice-presidente de operações da Dedini, a usina comprada pela PDVSA será entregue até o final do primeiro semestre de 2007.

A usina produzirá álcool a partir de melaço e terá capacidade anual de 8,5 milhões de litros. É uma unidade pequena, mas importante por ser a primeira comprada por uma petroleira, comemora Olivério.

No segundo contrato, a Dedini vendeu para a empresa americana Geonet a maior unidade de desidratação de álcool do mundo. A usina será instalada em Saint Croix, nas Ilhas Virgens, e produzirá 1,1 milhão de litros de álcool anidro por dia. Funciona assim: o álcool hidratado é exportado pelo Brasil e a usina retira a água para enviar o produto para os Estados Unidos.

Não é a primeira unidade de desidratação montada no Caribe. Foi uma forma de o Brasil ampliar as vendas de anidro nos EUA sem o pagamento de uma taxa de US$ 0,54 por galão. Produtores de álcool da América Central e Caribe têm isenção desta sobretaxa. A Dedini começa a construir a unidade neste semestre. A meta da empresa é alcançar 30% do faturamento com exportação.

Hoje, é de 12%. ? A.B.

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