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Grupo Cosan negocia controle majoritário da Vale do Rosário

Mônica Scaramuzzo

O Grupo Cosan, a maior companhia de açúcar e álcool do país e segunda maior do mundo, anunciou ontem sua intenção de comprar as ações da Cia. Açucareira Vale do Rosário, de Morro Agudo (SP). O objetivo do grupo é adquirir o controle majoritário da empresa, ou seja, 50% mais uma ação. Caso contrário, o negócio não será levado adiante. Se concretizada a operação, o movimento de megafusão orquestrado pela Crystalsev, deverá ser descontinuado, de acordo com fontes ouvidas pelo Valor.

No fim da semana passada, representantes dos acionistas minoritários interessados em se desfazer de suas ações procuraram a Vale do Rosário para informar a intenção da Cosan na compra de seus papéis, afirmou Cícero Junqueira Franco, vice-presidente da Vale do Rosário. Junqueira Franco afirmou que a notificação desses acionistas foi analisada, mas ainda precisa de mais esclarecimentos.

Segundo Junqueira Franco, pelo estatuto da Vale do Rosário os acionistas que não têm interesse em vender as ações da empresa têm a preferência de compra dos papéis dos sócios vendedores. Os acionistas vendedores afirmaram à Vale do Rosário que somam, em conjunto, 50,2% do total de participação da usina. Em uma análise preliminar, Junqueira Franco afirmou que a fatia deles total é de 47%.

No início do segundo semestre de 2006, a Vale do Rosário anunciou que estava em processo de reestruturação, com objetivo de abrir o capital da empresa. À época, parte dos acionistas da empresa, um total de 109, anunciou interesse em se desfazer de suas ações, mas não chegou a um acordo sobre preços desses papéis. Com faturamento líquido em torno de R$ 425 milhões, a Vale do Rosário tem 50% de participação na usina MB, 53% na usina Jardest, ambas de São Paulo, e 24,5% na Crystalsev, empresa que negocia a produção de oito usinas sucroalcooleiras. O grupo está investindo R$ 150 milhões na construção de uma usina em Frutal, no Triângulo Mineiro.

Paralelamente ao processo de reestruturação, a Vale do Rosário e Cia. Energética Santa Elisa, de Sertãozinho (SP), iniciaram conversações para realizar uma fusão entre as companhias, envolvendo também as usinas que estão sob o guarda-chuva da Crystalsev. No primeiro momento, a fusão envolveria a Vale do Rosário, Santa Elisa, Jardest e MB e poderia ter a adesão das usinas Mandu, Pioneiros, Moema e Paraíso, todas de São Paulo.

Essa fusão é vista como uma tentativa de se formar um dos maiores grupos sucroalcooleiros do país, para fazer frente às grandes companhias do setor, como a própria Cosan. Contudo, o movimento paralelo de parte dos acionistas da Vale do Rosário, descontentes com os rumos estratégicos da empresa, começou a negociar a venda de seus papéis para outros grupos. A Bunge chegou a ser sondada.

Procurada, a Santa Elisa, uma das mais interessadas na fusão, informou que se o controle da Vale do Rosário passar para as mãos da Cosan, a operação poderá não ir adiante. O “plano B” seria continuar a fusão, sem a usina, segundo a mesma fonte. Paralelamente, a Santa Elisa negocia a participação de fundos em seu capital.

O Valor apurou que a Cosan não tem interesse na fusão, caso assuma o controle da empresa. Ontem, as ações do grupo subiram 10%, a maior alta do Ibovespa. Procurados, os executivos do grupo não se pronunciaram sobre o assunto.

http://www.valor.com.br/valoreconomico/285/agronegocios/179/Grupo+Cosan+negocia+controle+majoritario+da+Vale+do+Rosario,,,179,4135952.html

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