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Grãos voltam a subir em Chicago em maio

Depois de encerrarem março e abril com queda dos preços médios dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez), milho e soja voltaram a subir na bolsa de Chicago no mês passado.

Segundo cálculos do Valor Data, os contratos da soja fecharam maio com a cotação média de US$ 7,8058 por bushel, 3,7% mais que a média de abril. Em 2007, a alta acumulada, sempre conforme o critério de preços médios, chegou a 15,28%; nos últimos 12 meses até maio, a alta atingiu 29,93%.

No caso do milho, a média em maio foi de US$ 3,7508, 0,53% superior à do mês anterior. No ano a queda ainda é de 1,37%, mas nos últimos 12 meses o ganho subiu para 46,52%. O arrefecimento do mercado de milho era esperado, já que grande parte da valorização do último ano móvel foi impulsionada pela febre do etanol nos EUA. Mas as cotações seguem em patamar elevado e tudo indica que de fato a demanda por milho para a produção do combustível no país seguirá crescente no longo prazo.

“Para soja e milho, maio foi um mês no qual as atenções estiveram voltadas para o plantio nos Estados Unidos. As chuvas iniciais chegaram a preocupar, mas depois o plantio foi acelerado e seguiu dentro do previsto”, disse Seneri Paludo, da Agência Rural. Sem catástrofes climáticas, os americanos colherão mais milho e menos soja na safra 2007/08, o que ajuda a explicar a maior valorização da soja.

Ainda em Chicago, o trigo permaneceu firme e o preço dos contratos subiu pelo segundo mês seguido – atingiu US$ 4,9845, 2,83% a mais que em abril e com alta de 23,54% em 12 meses. E em junho deverá continuar em ascensão, porque os sinais do lado da oferta não são dos mais animadores.

Vinícius Ito, analista da Fimat Futures, comentou que a preocupação ainda está concentrada nos reflexos da estiagem na Ucrânia, que pode comprometer 60% da safra do país. Mas nos EUA, onde há problemas localizados de qualidade, a previsão de ocorrência do fenômeno La Niña no verão também já é motivo de temor.

A relação entre o clima e o campo americano também influencia as cotações do algodão na bolsa de Nova York – o plantio está um pouco atrasado no país -, mas nesse mercado são os movimentos da China que estão dirigindo os preços, como destacou Tiago Barata, da Safras&Mercado. Em maio o apetite chinês pela commodity ficou abaixo das expectativas, e não por acaso a cotação média caiu 1,49% em relação a abril, para 51,56 centavos de dólar por libra-peso. Mas, de acordo com Barata, o país asiático sinalizou no fim do mês que poderá elevar a demanda.

Se para as cotações do algodão há indícios de alta, para as do açúcar, também negociado em Nova York, os tempos de queda ainda não terminara. Em maio, a cotação média do produto desceu para 9,31 centavos de dólar por libra-peso, em baixa de 2,99 sobre abril e de 45,87% nos últimos doze meses.

Julio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento, prevê que o atual baixo nível das cotações ainda vai se consolidar – por conta do excedente global de 10 milhões de toneladas estimado para a safra 2006/07 – antes da reação acontecer. Mas ela virá.

“O patamar atual de preços cobre apenas os custos de produção do Brasil, que é muito competitivo. Mas não remunera investimentos, e, portanto, coíbe projetos de expansão da oferta”. Ainda assim, disse, para 2007/08 as estimativas ainda sinalizam um novo excedente mundial.

O suco de laranja também tombou no mercado nova-iorquino no mês passado, mas em um movimento considerado de ajuste por analistas internacionais. Depois de dispararem de meados de 2004 ao fim de 2006, os elevados preços do suco passaram a afugentar os consumidores em mercados importantes como EUA e China, o que causou as quedas mais recentes.

Mas, segundo especialistas no Brasil, mesmo esse nível mais baixo é extremamente remunerador. Em maio, a cotação média dos contratos de segunda posição do suco ficou em US$ 1,6260 por libra-peso, 2,98% menos que em abril e baixa de 18,54% em 2007 – mas alta de 4,77% nos últimos 12 meses.

O café é outro que recuou em maio mas permanece com cotações relativamente atraentes. Conforme o Valor Data, seu preço médio chegou a US$ 1,0979 por libra-peso em Nova York, 1,17% menos que em abril. Em 2007 a baixa já atingiu 14,02%, mas em 12 meses há alta de 4,47%.

“O problema para os brasileiros não é o preço, é o câmbio”, observou Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes. Ele lembrou que o mercado segue se comportando muito de acordo com movimentos de fundos de investimentos, mas notou que a divulgação dos estoques brasileiros ontem (dia 31) pela Conab deverá ter reflexos expressivos. “Não me lembro de estoques tão baixos”, comentou. Em 31 de março, estimou a Conab, os estoques privados de café no país somavam 17,584 milhões de sacas.

Já o cacau, única commodity a subir em Nova York no mês passado – 1,17% -, registrou oscilações consideráveis, em grande parte devido à manobras especulativas, mas também apresenta fundamentos altistas, segundo Thomas Hartmann, da TH Consultoria. “As safras intermediárias da África tendem a ser pequenas por causa da estiagem”. Na safra global atual, disse, estima-se déficit global entre 150 mil e 200 mil toneladas do produto, mas para 2007/08 já há projeções de superávit que variam de 130 mil a 300 mil toneladas.

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