Governo resiste a elevar teor de álcool
O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, sinalizou ontem que o governo não cederá facilmente à pressão dos usineiros que pedem a elevação de 20% para 25% da mistura de álcool anidro à gasolina. Segundo o secretário de Produção e Agroenergia do ministério, Linneu Costa Lima, o governo poderá elevar o porcentual, mas a mudança depende de dois fatores. O ministro quer ter certeza de que teremos oferta de álcool para isso e que os preços não vão subir, afirmou o secretário.
O porcentual de 20% vigora desde 1º de março. Com o máximo de 25% permitido por lei, o consumo de álcool na mistura chega a 500 milhões de litros. Com o nível atual de 20%, o consumo é de 400 milhões de litros.
Guedes Pinto disse que o governo precisa analisar o assunto com tranqüilidade.
Mesmo diante da insistência dos usineiros, ele classificou de prematura qualquer decisão agora. Iniciativa privada e governo reuniram-se na tarde de ontem em Brasília para que o ministro, que assumiu o cargo no começo de julho, tivesse um primeiro contato com os representantes do setor. Um novo encontro está marcado para 10 de setembro. Segundo o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Eduardo Carvalho, a alteração é uma forma de evitar queda nos preços do álcool, com desestímulo à produção de cana.
De acordo com ele, os preços do álcool recuaram entre 16% e 17% nas últimas três a quatro semanas. O mercado de álcool tem uma volatilidade indesejável e estamos buscando caminhos para reduzi-la, disse o presidente da Unica.
O grande desafio para os usineiros não está no Ministério da Agricultura, mas no Palácio do Planalto. Uma fonte do governo contou que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou a ameaçar os usineiros de baixar uma portaria proibindo as exportações de álcool caso o abastecimento interno seja ameaçado ou os preços subam de forma expressiva.
