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Governo não pretende aumentar a mistura de anidro na gasolina

Ele afirmou no entanto, que a obrigatoriedade de contratação antecipada de etanol passa a valer já na próxima safra. “Se a distribuidora comprar 90% do anidro necessário, via contrato, terá acesso à gasolina na medida de sua necessidade. Se não tiver esse nível de contratação terá que comprovar a cada mês que tem estoque físico de anidro suficiente para fazer a mistura na gasolina”, esclarece.

Dornelles afirmou na reunião extraordinária da próxima semana as três partes – governo, usinas e distribuidoras – vão sentar para discutir esse assunto. De qualquer forma, ele reitera que não cabe ao governo interferir nas questões mercadológicas. De uma forma geral, esclarece ele, não há nada de atípico ou ilegal no mercado, seja no ritmo de compra das distribuidoras, seja no repasse de preços ao consumidor final. “É uma regra de mercado. O preço sobe numa velocidade e cai em outra. Se não houver abusos, cartelização, fraudes ou quaisquer outras irregularidades, o governo não tem que se meter”, afirma Dornelles.

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O presidente-executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras (Sindicom), Alísio Mendes Vaz, afirmou ontem que a maior parte das associadas da entidade – que tem market share de 75% do volume vendido de gasolina no país – estão com mais de 80% de sua demanda por anidro contratada. “Há no mercado uma outra parcela de distribuidoras – 25% – que não são associadas e sobre as quais não temos informações”, esclarece Vaz.

Dornelles conta que nas reuniões de monitoramento de estoques foi sugerido a criação de uma linha para financiar essa sobra de anidro de forma a tê-la disponível na próxima safra. Mas demandaria uma “ginástica financeira” complicada. Além disso, naquele momento o cenário de preços para o etanol era mais favorável e, por isso, a indústria estava mais suscetível a reprocessar o anidro.

O problema é que o hidratado que estava a preços elevados até a primeira semana de janeiro começou a recuar com força. Em 10 de janeiro foi o último dia de alta do indicador Esalq/BM&F para o hidratado em Paulínia, quando o m3 foi cotado a R$ 1.266,50. Desde então, houve quedas consecutivas do indicador, acumuladas até 24 de janeiro em 9,5%.

Ele não vê riscos de faltar anidro ainda nesta safra, como teme a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Na segunda-feira, o diretor-técnico da entidade, Antônio de Pádua Rodrigues afirmou ao Valor que cerca de 36% da demanda de anidro está sendo negociada entre usinas e distribuidoras no mercado spot (sem contratos) e que mais contratos antecipados têm de ser feitos pelas distribuidoras. Isso porque as usinas iniciaram o movimento de transformar etanol anidro em hidratado para desovar o estoque, com a adição de água- movimento que ainda está em pequena escala.

Dornelles diz que uma série de avaliações serão feitas pelo governo ao longo do próximo ciclo. A começar pelos efeitos na produção e no abastecimento vindos das resoluções da Agência Nacional de Petróleo (ANP) – que determinam que distribuidoras façam contratos antecipados de etanol anidro e que as usinas tenham estoques do produto. “O governo vai observar como o mercado vai se comportar diante dessa nova regra e fará avaliações constantes”, diz Dornelles.

A estimativa do mercado é de que em 1º de janeiro havia em estoque 5,7 bilhões de litros de etanol, sendo 2,7 bilhões de anidro e 3 bilhões de hidratado, praticamente o mesmo volume em janeiro de 2011, mas com um consumo 30% menor.

“O governo está ciente também que a produção da cana será maior, mas o consumo também crescerá. Ainda será um ano de relativo aperto. Vamos ouvir as demandas do setor na reunião da próxima semana, mas não está na pauta começar a safra com 25% de mistura”, garante Dornelles.

Segundo ele, não há, por enquanto, perspectiva de alteração da mistura na safra que está por vir a partir de abril, apesar do pleito do segmento produtor de etanol. Quando essa posição foi definida pelo governo, de acordo com ele, já se tinha conhecimento que haveria sobra de etanol anidro.

Enquanto as usinas se debatem diante d a queda dos preços do etanol, que neste momento tem sido abrupta por causa dos estoques elevados e do consumo reprimido, o governo permanece firme na posição de não elevar a mistura de 20% para 25% no começo da nova safra, em abril. Em entrevista ao Valor, o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo de Gusmão Dornelles, afirmou que a questão sequer está na pauta do governo.

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