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Governo lançará pacote para etanol

Para incentivar a produção de cana, o governo deve lançar, dentro de pouco tempo, novas medidas de apoio ao setor. Segundo o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura (Mapa), Manoel Bertone, haverá uma diminuição de PIS/Cofins para essas empresas. Ele destaca que mecanismo semelhante já existe para a venda de cana que é direcionada à produção de açúcar. Bertone, entretanto, não especificou quando a medida será oficialmente anunciada. O tema atualmente está em estudo no Ministério da Fazenda. Além de aumentar a produção, o objetivo é também atrair mais investidores ao setor.

Bertone destacou que também está sendo avaliada a criação de uma linha de financiamento para garantir tratos culturais e renovação de lavouras mantidas por usinas, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). “Sentimos a necessidade de ter uma taxa mais atrativa para o setor”, destacou Bertone. Essa nova linha não envolve recursos do Plano Safra, Bertone lembrou que o Plano já destinou recursos exclusivos para os fornecedores autônomos de cana. Em relação aos produtores individuais, as medidas já foram tomadas”, afirmou. Os produtores independentes respondem por cerca de 20% da oferta de cana. O restante da produção é obtida em lavouras das próprias usinas.

O secretário voltou a defender a necessidade de construção de 15 novas usinas de processamento de cana por ano, cada uma com capacidade entre 3,6 milhões e 4 milhões de toneladas. Ainda assim, ele afirmou que o atual parque de usinas opera com capacidade ociosa que permitiria o processamento de até 150 milhões de toneladas extras por ano. “O desafio é que os processos, hoje, precisam contemplar açúcar, etanol e energia elétrica gerada com bagaço de cana”, disse.

Segundo Bertone, a rentabilidade do setor leva em conta a remuneração gerada por todos os produtos obtidos com a cana-de-açúcar. “E os preços do etanol hidratado estão limitados pelo preço da gasolina”, explicou. Ou seja, o preço do álcool hidratado está atrelado ao preço da gasolina e isso gera impactos sobre o setor produtivo da cana-de-açúcar. Para o secretário, a melhor alternativa é promover ações que garantam maior competitividade ao álcool e esse diferencial terá de ser buscado por meio de ganhos no lado da produção. “Temos de estar focados em medidas de reduzam o custo de produção do etanol”, disse o secretário, destacando não apenas questões envolvendo as despesas agrícolas, mas a necessidade de melhores estradas, desenvolvimento de “clusters” (polos especializados) produtivos e a necessidade de superar as dificuldades geradas pelas diferentes alíquotas de ICMS aplicadas pelos Estados.

PERCENTUAL

Na segunda-feira, 29 , o governo anunciou a redução de 25% para 20% do teor de álcool anidro misturado à gasolina vendida nos postos do País. A medida foi tomada para tentar evitar a falta de etanol no mercado – o preço do combustível tem aumentado muito nas últimas semanas. Além disso, a produção de cana-de-açúcar no Brasil deve ter queda de 5,6% na safra 2011/212, segundo levantamento divulgado pelo Mapa.

Essa medida ocorre após a ampliação da importação dos produtos dos EUA. No mesmo sentido, em abril, o governo já havia decidido alterar o intervalo percentual de álcool anidro que era permitido adicionar à gasolina. Por meio de medida provisória, foi estabelecido o piso de 18% e o máximo de 25% de adição, regra que alterou o intervalo de 20% a 25% em vigor até então. Com isso, se achar necessário, o governo poderá reduzir ainda mais, para até 18%, o percentual de álcool na gasolina.

Aumento

Com essa nova mistura, São Paulo é um dos Estados previstos para que tenham aumento do etanol. A elevação pode chegar a 1,5%, em virtude da cobrança diferenciada do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Mas o provável aumento ainda não retira o Estado do grupo de três, onde o abastecimento com etanol é vantajoso. Ainda estão na lista Goiás e Mato Grosso. Aqui, em média, a gasolina é vendida a R$ 2,84 e o etanol a R$ 1,79. Para o álcool render 30% menos que a gasolina, para se tornar vantajoso o abastecimento com ele é preciso existir uma diferença de preço acima de 30%. Atualmente, esse valor está em 37% e por isso quem abastece com etanol sai ganhando.

Quem ainda está optando pelo derivado da cana é o representante comercial Iraci Custódio. Para ele a busca por alternativas tem de ser uma constante, já que na sua casa há cinco veículos. “Rodo muito a trabablho. Em média gasto R$ 1,8 mil”, explica ele, ressaltando que o etanol já quase não está adiantando e por isso ele também tem abastecido com diesel, como fazia ontem.

Para Custódio, a situação chega a esse ponto por dois motivos. “Está claro que há um cartel entre os estabelecimentos, os postos compram de usinas e distribuidoras diferentes, então cada um tem um custo operacional diferente. Mas por onde você anda em Goiânia há esse preço tabelado da gasolina de R$ 2,84 e do etanol a R$ 1,79. Além disso, o governo deixa de fazer o seu papel, que é criar um estoque regulador”, argumenta, Iraci.

Quem também abastecia com o etanol era o aposentado Valdemar Mendes. Ele pagou um R$ 72 para completar o tanque, mas afirmou que no caso de novos aumentos irá mudar para a gasolina. “Hoje (ontem) vi essa questão da redução da mistura do álcool na gasolina, até pensei que o preço poderia melhorar, mas pelo jeito estou enganado”, explicou o aposentado, ao ser indagado se acreditava em um possível aumento do etanol.

Sem querer se identificar, um gerente de um posto na Avenida Anhanguera disse que não foi comunicado de nenhuma elevação de preço. “Só sabemos quando o caminhão chega com a nota fiscal”, explicou. Em outro estabelecimento, já na BR-153, o gerente informou que haverá novos aumentos, mas não soube especificar quando e quanto será. “O consumidor vai sentir no bolso. Hoje o etanol é o que mais sai, desde que ele passou a compensar mais que a gasolina, a procura cresceu bastante”, frisa.

O DM tentou entrar em contato com o presidente do Sindicato dos Fabricantes de Açúcar e Álcool (Sifaeg), André Rocha, e com o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíves, Leandro Lisboa, mas nenhum dos dois atendeu as ligações.

Clima reduz oferta no país

O secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Manoel Bertone, afirmou que o clima foi o principal responsável pela redução da oferta de cana-de-açúcar destinada à indústria sucroalcooleira na safra 2011/2012. A redução é de 5,6%.”Estamos perdendo 60 milhões de toneladas este ano por questões meramente climáticas”, afirmou.

A safra 2011/2012 é calculada em 588,9 milhões de toneladas ante 623,9 milhões de toneladas na safra anterior. Ele explicou que, principalmente no Centro-Sul, as lavouras foram atingidas por estiagens. A região concentra cerca de 80% da produção nacional. Com a queda na oferta de cana-de-açúcar, o principal produto atingido é o álcool hidratado, que terá oferta de 14,549 milhões de litros nesta safra, ou seja, redução de 25,7% em relação ao total de 19,578 milhões de litros na safra 2010/2011.

A produção de álcool anidro é calculada em 9,136 milhões de litros, alta de 14% em relação aos 8,017 milhões de litros da safra anterior. A produção de açúcar, por sua vez, é calculada em 37,1 milhões de toneladas, o que representa queda de 2,9% ante as 38,2 milhões de toneladas na safra anterior. O diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto, destacou que a estiagem no Centro-Sul afetou fortemente a produção. A região tem uma safra calculada em 519,3 milhões de toneladas, uma queda de 7,4% em relação às 560,5 milhões de toneladas da safra anterior.

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