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Governo lançará em 2004 plano para incentivar uso do gás natural

Após o lançamento de um novo conjunto de regras para o setor elétrico, o governo prepara para o ano que vem um plano diretor a fim de impulsionar o uso do gás natural, disse a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, que chegou a trabalhar 18 horas por dia este ano para conceber, como gosta de frisar, as novas regras.

Para 2004, depois de uma parada estratégica para descanso nas festas de final de ano, a ministra está pronta para mergulhar na nova tarefa.

Dilma disse que o preço baixo do gás natural vendido no Brasil, seja ele produzido localmente ou importado, é fator chave para elevar o uso deste combustível na indústria, nos veículos e na geração termoelétrica.

“Elaborar o plano diretor de gás para o Brasil será fundamental no ano que vem”, disse Dilma em entrevista à Reuters nesta quarta-feira. Com a expansão do uso do gás, o governo quer aumentar a competitividade da indústria brasileira e fazer crescer em pelo menos 1 ponto o Produto Interno Bruto (PIB). “Aconteceu isso na Espanha com a entrada do gás”, disse a ministra.

O governo já contratou uma empresa de consultoria para estudar junto com a Agência Nacional de Petróleo (ANP) os sistemas regulatórios do gás natural em outros países, o que servirá de base para discutir o modelo brasileiro.

Nesse modelo, a exportação do gás poderá ter o papel de viabilizar preços competitivos no mercado interno. Como existe o potencial de grandes vendas externas e de ganhos com o forte consumo das térmicas, o lucro pode ser utilizado pelos investidores para amortizar o capital investido em outros projetos de gás, como gasodutos para levar o produto até às indústrias.

O mercado interno, porém, será prioridade. “Países só exportadores são países pobres”, afirmou.

Perguntada se a Petrobras poderia desenvolver projetos de exportação do produto diante da crescente demanda no mundo, principalmente pelos Estados Unidos, Dilma deixou claro que vai comandar o assunto com a mesma rigidez que a fez elaborar o novo modelo elétrico.

“Dona Petrobras que não tente (começar a exportar), porque não vai levar. A minha lógica de exportações não é simplesmnete obter divisa e maior lucro para a Petrobras, mas uma política de gás que faça crescer o PIB (Produto Interno Bruto) do país”, afirmou.

Ela também deixou claro que a Petrobras pode ter que lidar com perdas em suas vendas de combustíveis. “Ninguém faz omelete sem quebrar ovos… alguns ovos terão que ser quebrados”, disse a ministra, referindo-se às vendas de diesel e de óleo combustível da Petrobras para a indústria. O uso do gás é muito mais barato.

Sobre o problema das importações da Bolívia – o Brasil paga por mais gás natural do que realmente consome -, Dilma afirmou que “será resolvido”. Segundo a ministra, os produtores bolivianos pediram para negociar com o governo brasileiro, o que permite esperar uma solução rápida.

Eletrobras como Petrobras

Ano que vem também promete ser o ano em que a Eletrobrás vai cumprir a profecia feita pela ministra de virar uma nova Petrobras.

“Ela (Eletrobrás) fará captação para investir porque queremos a Eletrobrás similar à Petrobras, antes porém temos que resolver uma série de questões”, informou.

Uma delas será acabar com o descasamento do preço de compra e venda de energia da geradora Eletronorte, por exemplo, “que hoje compra energia a R$ 120 reais a R$ 60”, exemplificou.

“Nós tambem queremos solucionar a questão das federalizadas, que foram colocadas como responsabilidade da Eletrobrás”, disse a ministra que ainda não tem uma fórmula pronta.

As empresas poderão continuar federalizadas ou sair debaixo da Eletrobrás, “fazendo um esforço de capitalização e racionamento de gestão duríssimo”, ressaltou a ministra, que acredita no potencial da holding do setor elétrico: “Quando for sinalizado o seu futuro, a Eletrobrás será uma grande captadora”, previu.

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