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Governo diverge sobre alta do PIB neste ano

Essa previsão menor, elaborada pela SPE (Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda), foi qualificada por Mantega, num tom de brincadeira, como tendo sido feita num momento de “mau humor”. “Foi um pouco pessimista.”

Para o ministro, a SPE olhou muito os números antigos de produção industrial. Antes da nova estimativa, havias duas previsões para este ano: o Banco Central previa alta de 0,6% e o Ministério do Planejamento esperava subida de 0,98% (número de setembro).

O Ministério da Fazenda não quis se pronunciar oficialmente sobre o comentário de Mantega, mas assessores preferiram qualificá-lo, extra-oficialmente, como uma brincadeira. Admitem que às vezes são mal-humorados.

O Ministério da Fazenda admite que a projeção de 0,4% está defasada, mas teve de adotá-la para cumprir o prazo de enviar ao Congresso o relatório de receitas e despesas, que terminou no dia 23. Esse relatório permitiu a liberação de R$ 835 milhões neste ano.

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que está aguardando os novos números sobre crescimento econômico do IBGE, que vão ser divulgados amanhã, para refazer as estimativas deste ano. Com a revisão, a nova previsão deverá convergir para o crescimento de 0,8%.

Embora as receitas variem com o PIB, Mantega afirmou ontem que a projeção do PIB não é tão importante no momento porque o governo já tem dez meses completos de arrecadação.

Mas o próprio relatório de receitas e despesas explica que a projeção de superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros) para o ano foi revista de R$ 38,2 bilhões para R$ 38 bilhões porque o PIB caiu. É que as metas fiscais são calculadas em relação ao PIB. Com a queda do superávit, o governo está tendo mais espaço neste ano para aumentar seus gastos.

No mercado, as estimativas para o desempenho do PIB em 2003 ainda oscilam entre 0,3% e 0,5%. Economistas admitem a hipótese de rever os números, mas só após os resultados de amanhã.

Embora concordem sobre o resultado da economia no ano, falta consenso entre especialistas sobre os rumos do PIB no terceiro trimestre deste ano. As projeções sobre o desempenho da economia nesse período em relação ao mesmo em 2002 vão de retração de 0,8% a crescimento de 0,9%.

“A economia está se recuperando. Mas a retração no primeiro semestre deste ano foi forte e, mesmo no terceiro trimestre, ainda estivemos num patamar inferior ao do mesmo período do ano passado”, diz Paulo Levy, diretor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que espera queda de 0,8% do PIB no terceiro trimestre de 2003 em relação ao mesmo período do ano passado.

Na ponta oposta, a consultoria LCA Consultores estima expansão de 0,9% do PIB para o mesmo período. De acordo com Francisco Pessoa, economista da LCA, o bom desempenho do setor agropecuário será o grande responsável por esse crescimento. Para ele, o PIB do setor agropecuário crescerá 7,8%, contra uma estimativa de retração de 0,6% do Ipea.

“A forte colheita de trigo, somada a outros fatores, explica o forte resultado do setor agropecuário no terceiro trimestre”, diz Pessoa.

Para outros bancos, o PIB deverá ter expansão entre 0,2% e 0,3% no último trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado.

Quando se trata da variação do PIB entre julho e setembro deste ano em relação ao segundo tri mestre também de 2003, as projeções são mais convergentes. Há consenso, por exemplo, sobre o início de um processo de retomada da economia. Mas, ainda assim, as projeções de crescimento variam de 1,5% a 2,4%.

“O terceiro trimestre deverá marcar a virada para o crescimento”, diz o economista Juan Jensen, da consultoria Tendências.

Jensen projeta expansão de 2,3% do PIB no terceiro trimestre em relação ao trimestre imediatamente anterior. O dado desconta as chamadas variações sazonais (de cada período do ano).

Para Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC Investment Bank, a expansão do PIB deverá ser de 2,4%, na comparação entre dois trimestre consecutivos.

Já Marcelo Cypriano, economista sênior do BankBoston, e Levy, do Ipea, esperam expansão menor, próxima de 1,5%.

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