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Governo decide antecipar produção

Pacote também inclui adaptação de termelétricas para combustíveis alternativos. Em resposta à crise gerada com a nacionalização do gás boliviano, o governo anunciou ontem medidas mirando a independência energética do País. Depois de reunião do Conselho de Política Energética, da qual participou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, anunciou um Plano de Produção Antecipada do Gás, que aumentará a produção de gás natural brasileiro em 24,2 milhões de m³ em dois anos – volume anteriormente esperado para sete anos.

O ministro apresentou ainda o H-Bio, uma nova tecnologia que acrescenta óleos vegetais no processo de produção do diesel. O pacote do governo inclui também a adaptação de usinas termelétricas que funcionam com gás natural para utilizarem outros combustíveis, como o álcool combustível.

“Temos uma determinação do presidente Lula de alcançar a auto-suficiência de toda a matriz energética brasileira. Com essas medidas, estamos mais próximos da independência nos dois principais combustíveis importados hoje pelo País: o gás e o diesel”, afirmou Rondeau.

Segundo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o gás que terá a produção antecipada será de bacias recém descobertas, como a do Espírito Santo e de Mexilhão (SP). Além das unidades de produção do gás, serão construídos gasodutos interligando os novos campos ao resto do País. A previsão é que a produção inicie em 2008. “Não iremos substituir o gás proveniente da Bolívia. Temos contratos com aquele país até 2019 e pretendemos que eles sejam cumpridos”, informou Gabrielli.

O presidente afirma ainda que o novo diesel será comercializado a partir do primeiro trimestre de 2007. A medida deve diminuir a necessidade de importação do produto, já que receberá 10% de óleos vegetais ao diesel durante o refino do petróleo, aumentando o volume. A diferença do H-Bio para o biodisel já utilizado atualmente é que o primeiro é acrescentado ao petróleo durante o processo de produção. O novo diesel é melhor do que o produzido sem o óleo vegetal, já que tem menos enxofre e mais cetano.

O H-Bio será produzido inicialmente em três refinarias no Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A expectativa é de produção de 253 mil m³ por ano. O produto deve beneficiar o agronegócio brasileiro, já que, apenas para a demanda inicial, seriam necessários 1,2 bilhão de toneladas de soja, o equivalente a 400 mil hectares de área plantada. Poderiam ser adicionados ainda óleos de produtos como girassol, palma ou mamona. “Isso representa uma demanda adicional que trará melhoria nos preços da soja e geração de empregos no campo”, frisou o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

Em setembro, o governo pretende iniciar os testes para a utilização de álcool nas termelétricas. A primeira usina a utilizar o combustível alternativo será Barbosa Lima Sobrinho, no Rio de Janeiro. “A idéia não é acabar com a utilização do gás, mas oferecer uma alternativa às usinas no caso de faltar o gás natural”, explicou o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer.

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