JornalCana

Governo da califórnia reconhece vantagens ambientais – unica

A decisão do Conselho de Qualidade do Ar do Estado da Califórnia (CARB), anunciada ontem à noite em Sacramento, capital do estado, aprovando a regulamentação inédita de um Padrão de Combustível de Baixa Emissão de Carbono (ou LCFS), é um reconhecimento público da redução nas emissões de carbono proporcionadas pelo etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil. A conclusão é do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank.

Ao comentar a decisão desde Siracusa, na Sicília (Itália), onde participou a convite dos organizadores da reunião de ministros de meio-ambiente do G8 realizada esta semana, Jank frisou que a decisão da Califórnia, que vinha sendo aguardada em todo o mundo, deve beneficiar o acesso do etanol brasileiro ao principal estado consumidor de combustíveis dos Estados Unidos. Só na Califórnia, rodam cerca de 60 milhões de veículos, ou q! uase o dobro de toda a frota brasileira. “A redução comprovada de 90% na emissão de gases do efeito estufa, proporcionada pelo etanol de cana na comparação direta com a gasolina, foi essencial para que se concluísse que o etanol brasileiro atinge os objetivos ambiciosos dessa nova regulamentação aprovada pela Califórnia”, comentou Jank.

A regulamentação passou por um período aberto a comentários públicos antes da votação de ontem à noite, durante o qual a UNICA submeteu duas cartas ao CARB detalhando as reduções atingidas pelo etanol brasileiro, que são ainda mais acentuadas do que indicam os cálculos iniciais do CARB. “Nós parabenizamos a Califórnia por liderar o mundo ao estimular o uso de combustíveis de baixa emissão de carbono. Mas é importante frisar que qualquer avaliação realista das emissões de carbono causadas pelo cultivo de cana no Brasil precisa também refletir as políticas amplas que vem sendo implantadas no país, assim como ações já tomadas ou em andamento, co! mo a eliminação gradativa da queima, ampliação da colheita mecanizada e a expansão da produção de bioeletricidade a partir da queima de bagaço”, concluiu o representante-chefe da UNICA para a América do Norte, Joel Velasco, que acompanhou a reunião decisiva do CARB em Sacramento, capital da Califórnia.

A segunda carta da UNICA, enviada em 17 de abril, incluiu comentários sobre os cálculos feitos pelo CARB sobre os supostos efeitos indiretos de mudanças no uso da terra em função da expansão do plantio de cana no Brasil. A carta cita o grande número de comentários de diversos setores, especificamente uma manifestação de 111 cientistas, alertando que as técnicas existentes para a determinação de tais impactos são muito limitadas e abertas a erros e usos tendenciosos de dados isolados e fora de contexto.

Na decisão anunciada ontem, o CARB se comprometeu a continuar trabalhando para desenvolver cálculos que permitam avaliar a intensidade das emissões de carbono com mais precisão. Foi assumido também o compromisso de iniciar uma investigação, que incluirá contribuições de especialistas externos e deverá ser concluída até o final de 2009, para avaliar o uso da terra e efeitos indiretos de todos os tipos de combustíveis usados para transporte. Os resultados da investigação, e eventuais recomendações alterando o LCFS, deverão ser apresentados ao CARB até 1 de janeiro de 2011, data em que o LCFS passa a ser lei no Estado da Califórnia. Depois disso, a lei será revisada a cada três anos.

O LCFS, ou Padrão de Combustível de Baixa Emissão de Carbono, foi desenvolvido pela California para promover uma redução de 10% na intensidade do carbono de todos os combustíveis usados naquele estado até 2020. Em seus cálculos, o CARB determinou que a intensidade de carbono da gasolina é de 95 gramas de dióxido de carbono por megajoule (gCO2/MJ), o que significa que a gasolina precisa reduzir sua intensidade de carbono para 86 gCO2/MJ até 2020 para atende! r à nova regulamentação. Aditivos como os biocombustíveis serão vitais para que a gasolina atenda a redução de 10% pretendida pela Califórnia, já que muitos deles, incluindo-se o etanol de cana-de-açúcar, oferecem graus de intensidade de carbono muito inferiores ao da gasolina.

Segundo Velasco, já que o CARB está decidido a levar adiante cálculos que determinem efeitos indiretos do uso da terra, é essencial que os dados e pesquisas mais recentes e completos sejam considerados antes de qualquer tomada de decisão. Mudanças indiretas no uso da terra precisam refletir com muita precisão a dinâmica da agricultura brasileira de hoje. Temos plena confiança que uma análise baseada em dados concretos e confiáveis vai comprovar que impactos indiretos sobre o uso da terra causados pelo cultivo da cana no Brasil são, ma melhor das hipóteses, marginais, concluiu.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram