JornalCana

Governo aumenta mistura de biodiesel e anima indústria

O governo federal anunciou ontem o aumento na mistura obrigatória de biodiesel de 3% (B3) para 4% (B4) a partir de 1º de julho. A indústria recebeu a mudança com otimismo e destacou sobretudo o alívio na pressão entre oferta e demanda, que colocava em risco o futuro do setor e o retorno dos investimentos já realizados. Especialistas calculam que o índice de ociosidade nas fábricas deve recuar de 60% para 48% a partir da entrada em vigor da medida. A capacidade de produção instalada é calculada pelas indústrias do setor em 3,5 bilhões de litros anuais. Com a implantação do B4, a demanda saltará dos atuais 1,35 bilhão para 1,8 bilhão de litros anuais, segundo informações da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio).

Representantes dos produtores dizem ainda que foi firmado compromisso de reajuste a partir do início de 2010, quando é esperado o novo índice de 5% (B5). Cada ponto percentual acrescentado representa um aumento no consumo de 450 milhões de litros por ano. Criado no final de 2004 como incentivo à agricultura familiar e apoiado no pilar do desenvolvimento sustentável, o programa perdeu força após os entraves econômicos e logísticos na produção a partir de culturas alternativas como a mamona e outras oleaginosas.

A crise se instalou de vez no início de 2008 e foi agravada pela valorização da soja, que inevitavelmente se concretizou como principal matéria-prima. Por esse motivo, o setor passou a reivindicar a antecipação do cronograma de adição do óleo vegetal ao diesel comum. Sérgio Tadeu, diretor executivo da Ubrabio, observa que a mudança deveria ter sido feita desde abril. “Como as indústrias foram criadas recentemente, estavam em situação crítica. Dessa maneira, pedíamos o reajuste desde o mês passado porque algumas empresas estão amargando prejuízo”, explicou. Por esse motivo, prossegue, o governo já confirmou a antecipação do B5, previsto para vigorar em 2013, para janeiro de 2010. “Com isso, o setor agora está numa perspectiva muito melhor. A situação estava muito preocupante”, completou.

“A autorização foi acertada porque é uma oportunidade de o País avançar na utilização dos biocombustíveis. Isso vai gerar muito emprego internamente e alívio para crise, além de substituir parte do diesel importado”, destacou Geraldo Martins, diretor-geral Fertibom. Ele lembra que o programa de produção de álcool também demandou subsídios do governo quando foi criado. “Hoje, o produto paga imposto e é mais barato que a gasolina. Isso só foi possível porque o Brasil ganhou expertise em volume de produção e escala. Para mim, o biodiesel é um investimento e seguirá o mesmo rumo”.

Conforme Tadeu, da Ubrabio, o modelo de compra do governo deve permanecer o mesmo após o B4, com leilões trimestrais. “O ideal seria esse prazo ser menor. Com isso, a exposição do setor à flutuação do mercado seria reduzida. Mas entendemos que o atendimento dos prazos legais e operacionais dificultam isso”.

O preço pago pelo governo nos leilões anteriores ficou em torno de R$ 2,15 o litro. O custo de produção é estimado pelo mercado em R$ 2.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram